O consumo de álcool per capita no Brasil chegou a 8,9 litros em 2016 e superou a média internacional, de 6,4 litros por pessoa. Com isso, o País figura na 49.ª posição do ranking entre os 193 avaliados. Os dados foram divulgados pela Organização Mundial de Saúde (OMS).
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Estudo associa consumo frequente de álcool a menor risco de diabeteCresce número de pessoas que dirigem após consumir álcool, diz governoCerveja com teor de até 0,5% não pode se dizer 'sem álcool', decide STJNa África, o consumo é, em média, de 6 litros por ano. Nas Américas, a taxa é de 8,2 e na Europa, de 10,3, puxada pelos países do leste.
A OMS não vê o consumo do álcool em si como um problema, mas considera que o uso excessivo e a falta de controle em certas situações podem se transformar em ameaça. Um total de 3,3 milhões de pessoas morrem todos os anos pelas consequências da bebida - 5,9% de todas as mortes no mundo. No grupo das pessoas entre 20 e 39 anos, 25% das mortes têm uma relação direta com o álcool.
Levantamento da OMS também constatou que o álcool pode causar mais de 200 doenças, incluindo mentais.
Responsabilidade
Para a OMS, "governos têm a responsabilidade de formular, implementar, monitorar e avaliar políticas públicas para reduzir o uso excessivo do álcool".
Clarice Madruga, psicóloga da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e coordenadora do Levantamento Nacional de Álcool e Drogas (Lenad), concorda. Segundo ela, o principal motivo para o alto consumo de álcool no País é a falta de uma política de prevenção universal. "O Brasil não adota as políticas eficazes que fizeram outros países reduzirem o consumo."
A psicóloga ressalta que, no Brasil, diferentemente da maioria dos países, não há uma licença específica para a venda de álcool. "Todo lugar com alvará - padaria, loja de conveniência, posto de gasolina - pode vender bebida. Isso sem falar na venda informal e para menores."
Segundo Clarice, entre as mulheres houve o maior aumento de consumo nos últimos anos. Com a inserção no mercado de trabalho, o acúmulo de papéis sociais e a elevação do estresse, elas estão mais expostas ao álcool e, pior, têm mais propensão à dependência. "Por causa dos hormônios, o efeito do álcool e de outras drogas é muito mais prazeroso para a mulher." Clarice ressalta que o alto consumo de álcool traz mais prejuízos para a sociedade do que para o indivíduo.
O publicitário Décio Perez, de 58 anos, viu a vida ser destruída por causa do álcool, mas reagiu.
O Ministério da Saúde diz já adotar uma política que enfoca no "fortalecimento de fatores de proteção e redução de fatores de risco e vulnerabilidades que possam levar ao uso prejudicial de álcool e outras drogas". "Entre 2013 e 2016, as ações dos programas alcançaram mais de 10 mil crianças, 47 mil adolescentes e mil famílias."(Colaborou José Maria Tomazela)
(Jamil Chade, correspondente).