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Estado de Minas

João Bosco e Aldir Blanc repudiam operação da PF na UFMG


postado em 08/12/2017 15:25

São Paulo, 08 - Os compositores João Bosco e Aldir Blanc divulgaram notas de repúdio à operação da Polícia Federal (PF) batizada de "Esperança Equilibrista", uma alusão ao clássico "O Bêbado e o Equilibrista", hino dos anistiados da ditadura militar que exaltava "a volta do irmão do Henfil e de tanta gente que partiu".

A ação que foi batizada com uma passagem da canção foi a que conduziu coercitivamente, no último dia 6, o reitor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Jaime Arturo Ramirez, a vice-reitora, Sandra Regina Goulart Almeida, e o presidente da Fundação de Desenvolvimento e Pesquisa (Fundep), Alfredo Gontijo de Oliveira. A operação apura um suposto desvio de cerca de R$ 4 milhões em recursos públicos na construção do Memorial da Anistia Política do Brasil.

Em reação, duas notas foram divulgadas pelos artistas. A primeira, assinada apenas por Bosco, fala de sua indignação ao ver a canção, de 1979, associada à ação da PF: "Como vem se tornando regra no Brasil, além da coerção desnecessária (ao que consta, não houve pedido prévio, cuja desobediência justificasse a medida), consta ainda que os acusados e seus advogados foram impedidos de ter acesso ao próprio processo, e alguns deles nem sequer sabiam se eram levados como testemunha ou suspeitos. O conjunto dessas medidas fere os princípios elementares do devido processo legal. É uma violência à cidadania".

Sobre a utilização da canção, Bosco escreveu: "Essa canção foi e permanece sendo, na memória coletiva do país, um hino à liberdade e à luta pela retomada do processo democrático. Não autorizo, politicamente, o uso dessa canção por quem trai seu desejo fundamental."

Já a nota assinada também por Aldir Blanc é mais irônica e repleta de referências ao momento político do País:

"Depois da operação 'Esperança Equilibrista', João Bosco e eu esperamos que a Polícia Federal prenda também Temereca, Mineirinho Trilhão157, que foi ajudado pela Dra. Cármen Lúcia, e o resto, aquela escória do Quadrilhão que impera, impune, no Plabaixo. A nova Operação se chamaria 'De frente pros crimes' dos que sempre ficam impunes, com ajudinhas de Gilmares, Moros, PFs, etc. Também esperamos que ninguém se suicide ou seja suicidado nessas operações, o que já é marca registrada das forças repressoras que servem aos direitistas do Brasil." De Frente Para O Crime é o título de outra canção clássica da dupla.

Em nota, a Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão (PFDC), órgão do Ministério Público Federal, afirmou ser “infeliz a denominação dada à operação policial, a qual se apropria de passagem de música de Aldir Blanc e João Bosco".

(Gilberto Amêndola)


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