A Igreja Universal do Reino de Deus (Iurd) teria promovido uma rede de raptos de crianças com base em Lisboa. As revelações começarão a ser publicadas a partir desta segunda-feira, 11, pela emissora de televisão portuguesa TVI. O Ministério Público em Portugal abriu um inquérito interno para apurar as denúncias e o Ministério de Segurança Social do país também estaria avaliando o caso.
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Mãe perde bebê e loja de móveis devolve todo o dinheiro gasto no quartoApós protestos, projeto Escola Sem Partido avança na Câmara de SPMarcola e outras 12 lideranças do PCC deixam prisão de rigor máximoCinegrafista morre durante salto de paraquedas em Boituva (SP)"As crianças eram entregues diretamente no lar, à margem dos tribunais, por famílias em dificuldades e acabavam no exterior, adotadas, de forma irregular, por bispos e pastores da igreja", revela a reportagem. As crianças, então, seriam colocadas à adoção e escolhidas por meio de fotos.
A reportagem mostrará como, em um primeiro momento, o lar recebia crianças de mães em dificuldades. Elas, porém, eram autorizadas a visitar seus filhos, mas, ao longo do meses, eram afastadas e desvinculadas das crianças. Algumas dessas mães chegaram a ir aos tribunais para tentar reaver os filhos, sem sucesso.
Agora, as mães dessas crianças falam pela primeira vez sobre como ocorreram o que elas chamam de raptos. Pessoas que também estavam na Universal há 20 anos aceitaram ainda entregar documentos e agendas que, segundo a reportagem, apontariam para um esquema montado em Lisboa.
"Estas mães literalmente foram roubadas no que diz respeito aos seus filhos, de quem não sabiam há mais de 20 anos", explicou Alexandra.
A equipe revela que estava apurando uma outra história quando, em meio às informações colhidas, esbarrou nos relatos sobre o envolvimento dos bispos.
"O Segredo dos Deuses" será transmitido a partir desta segunda-feira, em um total de dez episódios.
'Campanha difamatória'
Em nota, a Igreja Universal afirmou que as reportagens promovem "uma campanha difamatória, mentirosa". "Não podemos tolerar", declarou. Segundo o texto, as informações obtidas pela televisão portuguesa se baseiam em depoimentos de um ex-pastor, que teria deixado a igreja no Brasil por "condutas impróprias". De acordo com a Universal, ele deixou de colaborar com a igreja no fim de 2013, "por acordo voluntário das partes".
A Universal também informou que o seu escritório central já foi contatado e que "os seus membros, em Portugal e fora do país europeu, apresentarão inúmeras ações contra TVI em Portugal e no exterior". Segundo a nota, as adoções em Portugal "foram decretadas pelo Tribunal de Família e Menores de Lisboa (capital portuguesa)".
"As crianças foram encaminhadas pela Segurança Social e pela Santa Casa de Misericórdia de Lisboa para um lar - que evidentemente à época não era ilegal -, e vários pais adotivos se candidataram a adotá-las", alegou a nota.
"Contam-se pelos dedos de uma mão as crianças que foram adotadas por essa via - com decisão judicial, sublinhe-se - por casais ligados à Universal."
(Jamil Chade, correspondente).