São Paulo, 27 - O primeiro chamado é discreto. "Moço", fala baixinho. Se a atenção não vem, repete mais alto. "Moço! Me dá uma ajuda, pelo amor de Deus?!", diz o homem, a expressão aflita, os braços abertos como se estivesse perdido. Está no saguão do Terminal 2 de Cumbica, é perto do meio-dia. De camisa social, calça jeans e o cabelo curto, é aparentemente um passageiro. Empurra um carrinho com três malas - uma criança, não mais do que 4 anos, está sentada sobre elas. Na sua cola, uma mulher carrega outra menininha, ainda menor.
À reportagem, o homem confessa que se trata de encenação para conseguir dinheiro.
Aos passageiros, conta que acabou de chegar de viagem e está sem dinheiro. "Estou tentando voltar para Campinas", repete. Mesmo sem entrar em detalhes, convence muitos. "Por dia, dá para tirar uns R$ 200."
"Você quer saber a real mesmo, né? Sou de Salvador, estou aqui em São Paulo faz quatro meses", o homem começa.
Ambulantes
Um rapaz magricelo, de óculos de grau e cabelo repartido para o lado, aborda um homem que lê na área de desembarque internacional. "Boa tarde, estou arrecadando dinheiro para uma missão na África e tenho esse livro aqui", diz, sacando um exemplar escondido em uma mochila.
Depois, consegue vender um livro para a professora Ana Laura de Abreu, de 26 anos, em um restaurante no Terminal 3. "Ele foi simpático. Quando a abordagem é exagerada, incomoda. Neste caso, não." A ela, contou que estuda Psicologia e precisa de dinheiro para o curso. As informações são do jornal
O Estado de S. Paulo.
(Felipe Resk).