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Estado de Minas

''Negro parado é suspeito, correndo é ladrão, voando é urubu'', diz alternativa em prova de concurso

Candidato se sente humilhado e aciona judicialmente empresa responsável pela prova e a Prefeitura Municipal de Morrinhos, em Goiás


postado em 18/01/2018 20:49 / atualizado em 18/01/2018 21:09

(foto: Reprodução da internet/Jornal Mais Goiás)
(foto: Reprodução da internet/Jornal Mais Goiás)


Um dos candidatos para o concurso público aberto pela Prefeitura de Morrinhos, a 128 km de Goiânia, denunciou racismo em uma das questões da prova realizada neste domingo (14), segundo informa o jornal local Mais Goiás. Hélio de Araújo Júnior, de 42 anos, candidatou-se para o cargo de inspetor de postura do município e classificou como "vexatória" as alternativas apresentadas a uma das questões.

Na prova de conhecimentos gerais,  foi apresentada uma pergunta “Qual a origem do racismo?”. Na sequência, foi transcrita a passagem bíblica (Gênesis 9:25) em que estaria subentendida a origem do preconceito racial contra o negro. No trecho, Canaã, filho de Noé, se embriaga e é condenado a servir como escravo. O candidato foi então orientado, a assinalar a alternativa que conteria  o provérbio racista presente na publicação. Entre as opções de respostas: a) “negro parado é suspeito, correndo é ladrão, voando é urubu”; b) "negro só tem de gente os dentes", c) “negro quando não suja na entrada, suja na saída”; d) “negro deitado é um porco, e de pé um toco”. A alternativa correta para a questão seria o provérbio “negro só tem de gente os dentes”.

De acordo com a reportagem do jornal Mais Goiás, um dos candidatos do concurso público, Hélio de Araújo Júnior, de 42 anos, que era o único negro na sala em que fez a prova, ao ler a questão e alternativas, sentiu-se constrangido e humilhado. As alternativas não estavam presentes no texto e a inclusão das frases na prova, gerou chacota entre outras pessoas que faziam a prova. “As pessoas acham essa questão normal, mas não é. O que acontece é que o racismo está enraizado na sociedade e por isso, muitas vezes não percebemos essa prática. Mas para mim, foi uma situação vexatória”, explica.

Hélio procurou a Delegacia Regional de Polícia de Morrinhos, onde foi orientado a voltar para seu município de residência, Caldas Novas, para lá registrar o boletim de ocorrência e encaminhá-lo para o delegado da cidade onde a prova foi realizada. Ele também acionou judicialmente a empresa organizadora da prova e a Prefeitura de Morrinhos, que, segundo o advogado do candidato, terá que disponibilizar a íntegra em seu site. Por meio de nota, o município informou que não tinha conhecimento prévio das questões.


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