Na madrugada deste sábado (27) uma festa no Bairro Cajazeiras, na periferia de Fortaleza, terminou com ao menos 14 pessoas assassinadas. Homens armados invadiram o local e dispararam aleatoriamente contra o público do Forró do Gago. Segundo a Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social do Ceará, trata-se da maior chacina já registrada no estado do Ceará.
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Mulher é flagrada com o corpo do marido dentro de mala no Rio de JaneiroPM baleado na Rocinha não resiste e Rio já tem dez policiais mortos neste anoPolícia prende suspeito de participação em chacina no CearáEm entrevista à imprensa, o secretário disse que as investigações já foram iniciadas, mas que ainda não é possível precisar o motivo do crime: “O que nós temos de concreto é que, às 0h39min, recebemos uma chamada da Ciops de um tiroteio em um local no bairro das Cajazeiras, conhecido como Forró do Gago. De imediato, viaturas do Cotam compareceram ao local, depois outras viaturas foram.
Facções criminosas
A chacina reitera o cenário de violência que marca o estado hoje. O Atlas da Violência 2017, estudo realizado pelo Ipea e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, mostra que a taxa de homicídios por 100 mil habitantes no estado do Ceará cresceu 47% entre 2010 e 2015, ano em que foram contabilizados 4.163 homicídios.
Professor da Universidade Federal do Ceará e pesquisador do Laboratório de Estudos da Violência, Luiz Fábio Paiva afirma que parte desse número está ligada às facções criminosas. A hegemonia do crime no estado, segundo o pesquisador, tem sido disputada por dois grupos: uma aliança formada pelo Comando Vermelho e pela Família do Norte e, de outro, um grupo local conhecido como Guardiões do Estado, que receberia o apoio do Primeiro Comando da Capital (PCC). Para ele, o poder público é “completamente ineficaz no enfrentamento dessa situação”.
Na coletiva, o secretário de Segurança negou que o estado teria perdido o controle da segurança pública para as facções criminosas. “Não há perda de controle.
Já Paiva aponta que não se trata de um fato isolado, mas de uma “sistemática de homicídios”. “Nós tivemos um momento de ‘pacificação’, de acordo entre esses grupos, mas logo em seguida nós tivemos aí uma deflagração de uma guerra entre vários grupos que atuam no Ceará. E, consequentemente, logo em seguida, nós começamos a observar várias chacinas”, diz o pesquisador.
Em junho de 2017, uma chacina matou seis pessoas no bairro Porto das Dunas, também em uma festa. Em novembro, outra chacina vitimou quatro adolescentes privados de liberdade, que foram retirados por criminosos do Centro Educativo Mártir Francisca.
Em nota, a Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) informou que uma pessoa foi presa, suspeita de participação na chacina, e que um fuzil foi apreendido. A pasta informou que mais detalhes não serão divulgados neste momento para não comprometer as investigações, que contam com o trabalho das polícias, perícia forense e outros órgãos.
*Colaborou Renata Martins, repórter da Rádio Nacional.