A Polícia Civil do Rio encontrou na cena do assassinato da vereadora Marielle Franco, que aconteceu na noite da quarta-feira, munições do mesmo lote ao qual pertenciam as balas usadas no caso que terminou com 17 mortos e sete feridos na Grande São Paulo em 2015.
A descoberta foi divulgada nesta sexta-feira, quando foi constatado que munições 9 milímetros do lote UZZ-18 da Companhia Brasileira de Cartuchos (CBC), originalmente encaminhado para a Polícia Federal em Brasília em 2006, foram usadas na morte da parlamentar.
Leia Mais
Barcelona reúne manifestantes em repúdio ao assassinato de Marielle'Feminicídio racista', diz grupo sobre assassinato de MariellePF abre inquérito para investigar munições que mataram MarielleJungmann corrige informação sobre munição usada no caso MarielleAssessora que estava no carro com Marielle conta detalhes do crimeJungmann diz que munição que matou Marielle foi roubada dos Correios na Paraíba'Respeitem a nossa dor', pede irmã de Marielle Franco em rede socialO jornal O Estado de S. Paulo revelou em 3 de setembro de 2015 que as munições usadas nas diferentes cenas dos assassinatos em Osasco e Barueri, na Grande São Paulo, pertenciam a cinco lotes (UZZ18, BNT84, BIZ91, AAY68 e BAY18) destinado a forças de segurança: PF, Polícia Militar e Exército. Além do UZZ-18, a PF havia adquirido o lote BTN-84.
A investigação não conseguiu determinar o caminho da munição até o seu uso nos assassinatos em São Paulo. Integrantes da força-tarefa que investigavam a chacina consideravam que a principal hipótese é que as munições poderiam ter sido desviadas ou roubadas e acabaram nas mãos de bandidos. Três policiais militares e um guarda civil foram condenados em setembro e em março pelos crimes a penas superiores a 100 anos de prisão.
À reportagem nesta sexta-feira, o promotor Marcelo Oliveira, que representou a acusação nos julgamentos em Osasco, lembrou que o Estado vizinho chegou a ser citado em um dos depoimentos. "No depoimento de um capitão do Exército, chamado pela defesa, houve a menção de que um sargento havia extraviado munições e enviado para o Rio.
Um dos condenados pela chacina, o policial militar Victor Cristilder havia servido ao Exército e a acusação tentava descobrir uma eventual relação dele com a aquisição ilegal das munições usadas no crime. "Perguntamos sobre a munição, se o Victor tinha acesso, mas como testemunha de defesa o capitão claro que disse que ele não tinha", disse Oliveira.
O promotor destacou a necessidade de que o caminho da munição seja investigado no caso do Rio para que se chegue aos culpados. "Se essa situação do lote realmente for confirmada, é claro que há um descontrole muito perigoso em relação a armas e munições. E fica claro para qualquer um que a suspeita recai sobre integrantes de forças de segurança", disse..