São Paulo, 24 - O júri estava contaminado ao condenar Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá. A repercussão do caso fez com que os réus virassem culpados antes do julgamento. É o que propõe o advogado de defesa do casal, Roberto Podval, que recorre ao Supremo Tribunal Federal (STF) para tentar reduzir a pena dos dois e já prepara o próximo habeas corpus pedindo um novo júri que, em tese, poderia acontecer em 2019. "Os jurados foram para lá tendo de condenar, ou seriam condenados pela sociedade", defende.
Leia Mais
Dez anos após o assassinato, mãe de Isabella Nardoni refaz a vidaPai e madrasta de Isabella Nardoni pedem redução de pena ao STFMadrasta de Isabella Nardoni deve deixar prisão no Dia das CriançasNo júri, a estratégia da defesa foi apontar falhas na investigação e sugerir a tese de que outra pessoa matou Isabella?
Eu tinha uma limitação, absoluta e indiscutível: a negativa de autoria do casal. Não tenho o direito de pedir para contarem uma história que não é a que me dizem ser a verdadeira.
E como seria a cena do crime?
Não sei o que aconteceu, mas posso assegurar que a acusação, montada daquela forma, não é verdadeira. Fizeram maquete, laudo, descrição do crime. E não bate.
Tecnicamente, quais seriam as falhas de investigação?
Os peritos partiram do convencimento de que o casal cometeu o crime e foram buscar as provas criminais. Não partiram do fato para buscar o que aconteceu.
O senhor chegou a ser agredido no fórum por defender os Nardoni. Foi ameaçado depois?
A gente era muito mal visto. Tenho uma filha que era da idade dela (Isabella).
A ida de Anna Jatobá para o semiaberto causou repercussão negativa. O senhor credita a quê?
A sociedade ainda não está preparada para viver em uma democracia. Um caso muito parecido com esse é o de Madeleine (criança inglesa que desapareceu quando passava férias com os pais em Portugal, em 2007). A polícia acusa os pais de terem matado a filha e os pais negam. E a sociedade inglesa abriu uma conta para depositar dinheiro e ajudar com advogado.