Brasília, 11 - O secretário Nacional de Justiça, Luiz Pontel de Souza, afirmou nesta quarta-feira, 11, que o governo estuda a realização de um segundo programa de interiorização de migrantes venezuelanos. De acordo com secretário, o comitê federal que trata sobre o assunto, presidido pela Casa Civil, já trabalha com a perspectiva da organização de novas viagens para deslocamento dos migrantes, atualmente concentrados em Roraima, para outras regiões do País. As datas para novas ações serão definidas de acordo com questões operacionais.
As informações foram dadas durante o lançamento da terceira edição do Refúgio em Números, preparado pelo Ministério da Justiça com dados sobre a chegada de estrangeiros que solicitam o registro no País. O trabalho mostra que 2017 foi o ano em que o Brasil mais recebeu pedidos de refúgio nos últimos sete anos. Foram 33.866. Desse total, mais da metade (53%) era composta por venezuelanos. Em seguida, estavam cubanos (2.373) e haitianos (2.362).
A demanda de pedidos de venezuelanos explodiu em relação ao ano anterior. Em 2016, pessoas que vivem naquele país fizeram 3.375 solicitações de refúgio.
O avanço do total de pedidos feitos ao Brasil vem acompanhado pela lentidão na análise dos processos.
os pedidos que estão ainda em avaliação, 33% são de venezuelanos, 14% de haitianos, 13% de senegaleses. Síria responde por 7% das solicitações que ainda não foram processadas.
Pelos dados informados no relatório, o Brasil concedeu 10.145 pedidos de refúgio nos últimos 10 anos. Mas desse total, apenas metade continua residindo no País. "As razões para essa diferença são variadas. Pessoas podem ter se mudado de país, retornado para seu local de origem", observou o coordenador Geral do Comitê Nacional para Refugiados, Bernardo Laferté. De acordo com o trabalho, a maior parte dos refugiados que vivem no Brasil é formada por sírios. Eles representam 35% do total. Em seguida, vem a República Democrática do Congo, com 13%, Colômbia, com 10% e Angola, com 8%. São Paulo é o Estado que abriga maior número de refugiados: 52% deles vivem em cidades paulistas.
A demora na análise explica o fato de venezuelanos ainda não figurarem no grupo de pessoas que já tiveram concedido o refúgio. De acordo com secretário, os processos demoram, em média, dois anos. Ele admite que a resposta está bem abaixo da demanda e afirma que algumas medidas estão sendo estudadas para dar mais agilidade ao processo. Entre elas, convênios com faculdades para fazer a tradução de documentos. Sobre os episódios recentes de xenofobia registrados em Roraima, o secretário afirmou que forças de segurança estariam articuladas. Ele admitiu haver uma preocupação para tornar mais rápido possível medidas de acolhimento para os imigrantes.
(Lígia Formenti).