Rio, 14 - Grupos paramilitares em expansão no Estado são o principal foco da investigação do assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL) e do motorista Anderson Gomes. A polícia investiga se dois homens executados esta semana em áreas dominadas por milícias estariam envolvidos diretamente com o crime. Também apura se teriam sido mortos como queima de arquivo.
Oficialmente, a Secretaria de Segurança diz que as investigações continuam em sigilo. Muitas informações, porém, vazaram. Elas apontam para o envolvimento de milicianos no crime. A polícia vai comparar fragmentos de impressões digitais encontradas nas cápsulas achadas no local das mortes com as de dois homens assassinados esta semana.
Um deles era o líder comunitário Carlos Alexandre Pereira Maria, de 37 anos. Foi morto no domingo passado na zona oeste, um reduto de milicianos. Conhecido como Alexandre Cabeça, era colaborador no gabinete do vereador Marcello Siciliano (PHS).
O outro homem era Anderson Claudio da Silva. Era um subtenente reformado da PM, morto na terça passada, na mesma região. Também era suspeito de manter relações estreitas com as milícias.
Desde o fim da CPI das Milícias, o número de grupos paramilitares no Estado mais do que dobrou, segundo o Ministério Público. As comunidades carentes sob o comando de milícias passaram de 41 para 88. Eles exploram serviços como gás, internet, transporte, entre outros, e promovem extorsões.
"Há um crescimento econômico e territorial evidente das milícias", sustenta o especialista em segurança pública Vinícius George, policial que participou da CPI. "Nos últimos anos, com o recrudescimento da violência no Rio, a ação das milícias recrudesceu também. E agora, com a saída dos caras que foram presos lá atrás, isso tende a piorar porque vai ter mais briga e disputa."
O sociólogo Inácio Cano, do Laboratório de Violência da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), concorda.
O Estado de S. Paulo.
(Roberta Jansen e Roberta Pennafort).