Um assistente administrativo, de 27 anos, natural de Recife e residente no bairro da Imbiribeira, Região Sul da capital, está preso por se passar por mulher no Facebook para obter imagens e vídeos intimos de crianças e adolescentes. Segundo a Polícia Federal (PF), o suspeito foi preso aproximadamente às 6h da última quinta-feira, no mesmo bairro, onde também foram apreendidos equipamentos que permitiram identificar pelo menos 123 vítimas, todas menores de 17 anos.
A prisão é resultado de esforços do Grupo de Repressão a Crimes Cibernéticos (GRCC) da PF na “Operação Perro”. Solteiro, o assistente administrativo foi identificado pela equipe que combate a prática de produção e divulgação de imagens e vídeos contendo pornografia infantil na Internet.
Ainda segundo a PF, a investigação foi iniciada a partir de informações oriundas do Centro Nacional para Crianças Desaparecidas e Exploradas dos Estados Unidos (EUA), repassadas em relatórios que indicavam ocorrências relacionadas à difusão e armazenamento de material pornográfico infanto-juvenil na Internet.
A informação apontava para um suspeito que utilizava perfis falsos no Facebook com crianças e adolescentes, geralmente do sexo masculino, e, por conversas via Messenger, os induzia a produzir e enviar material pornográfico. Para facilitar, o criminoso fingia ser uma mulher e alegava que enviaria imagens “dela” nua em troca.
De acordo com a PF, as investigações revelaram que após conseguir imagens e vídeos fotos íntimos, o criminoso passava a chantagear as vítimas, ameaçando publicar o material em sítios de pornografia ou enviar para pessoas conhecidas das vítimas, caso suas ordens não fossem obedecidas. A PF informa que ficou claro o intento de obrigar adolescentes a registrar fotos e vídeos deles fazendo sexo com seus cachorros ou molestando seus irmãos menores.
A PF contabilizou 123 crianças e adolescentes como vítimas no Brasil e no exterior, mas não especificou quantos são de Pernambuco. Todos chegaram a transmitir imagens e/ou vídeo para os cinco perfis falsos, criados pelo suspeito.
Em setembro de 2014 o suspeito havia sido preso pela Polícia Civil praticando crime semelhante, extorquindo um adolescente a pagar R$ 500, sob ameaça de divulgar imagens da vítima. Segundo a PF, mesmo cumprindo pena em regime semi-aberto, ele chegou a praticar crimes semelhantes aos investigados a partir do Presídio Agroindustrial São João- (PAISJ), Itamaracá.
Também segundo as investigações, o suspeito constrangia adolescentes mediante grave ameaça a praticar atos libidinosos com animais. Condenado a nove anos e dois meses de reclusão, após dois anos e seis meses pelos crimes cometidos, estava cumprindo pena em regime aberto.
Dez policiais federais, distribuídos em duas equipes deram cumprimento a um mandado de prisão preventiva e dois de mandado de busca e apreensão, com o objetivo de apreender quaisquer computadores e equipamentos eletrônicos e mídias digitais com potencial de armazenamento de imagens e vídeos de pornografia infantil.
No celular do suspeito apreendido no momento da prisão uma perícia preliminar constatou a existência de inúmeras fotos e vídeos de pornografia infantil, bem como registros do suspeito orientando os jovens a fazerem poses de situações eróticas e pornográficas, por meio de um aplicativo de gravação ao vivo. Consta também registros feitos no celular de jovens em conteúdos pornográficos três horas antes da prisão.
O assistente administrativo foi autuado em flagrante pelos crimes estabelecidos na Lei 8.069/90, o Estatuto da Criança e do Adolescentes, tipificado nos Artigos 240 e 241-B no que se refere a produção, direção, registro, transmissão, publicação, divulgação e armazenamento de cena de sexo explícito ou pornográfica envolvendo criança ou adolescente.
A PF acrescenta que está sendo analisada a caracterização de crime de estupro virtual de vulnerável previsto no Artigo 217-A do Código Penal, que consiste em constranger menor de 14 anos mediante violência ou grave ameaça, a ter conjunção carnal ou a praticar ato libidinoso. A Imprensa não teve acesso ao suspeito preso.
Ainda segundo a PF, respondendo a interrogatório o preso admitiu ter criado os perfis falsos para aliciar menores para que eles produzissem sob sua supervisão e lhe enviassem material contendo pornografia infantil deles mesmos.
O suspeito terido dito tambem que depois de ver algumas vezes os vídeos sempre os apagava e que chegou a chantagear "poucas" vítimas. Embora tenha optado pelo silêncio, quando inquirido sobre quantas vítimas chegaram a praticar atos libidinosos com cachorros, gatos ou outros animais. Entretanto, alegou que nenhuma das vítimas chegou a molestar irmãos menores nem fez sexo com cachorros ou gatos, mas apenas esfregava o seus órgãos genitais nas partes íntimas dos animais.
A PF adiantou que as investigações continuarão para identificar possíveis vítimas dos crimes de estupro e de estupro de vulnerável (respectivamente Artigos 213 e 217-A do Código Penal), ambos na modalidade virtual.
Um dia após ser preso e autuado, o suspeito passou pela audiência de custódia, quando foi decretada a prisão preventiva. Submetido a exame de corpo de delito no Instituto de Medicina Legal ( IML), o suspeito foi conduzido para Centro de Observação e Triagem Professor Everardo Luna (Cotel), onde permanecerá à disposição da Justiça Federal.