São Paulo, 04 - A 22ª edição da Parada do Orgulho LGBT de São Paulo ocorreu neste domingo, 3, na região da Avenida Paulista, com discursos políticos visando às eleições, pedindo o fim do preconceito e da homofobia, e denunciando agressões no País contra os cidadãos das diferentes orientações sexuais. E terminou em uma reedição (mais friorenta) do carnaval de rua, com muitas fantasias e consumo de catuaba.
Todos os 18 trios elétricos que empurraram a multidão desde a concentração, na frente do Museu de Arte de São Paulo (Masp), até o fim da Praça Roosevelt, na Rua da Consolação, tinham bandeiras com urnas e frases com o tema "Poder pra LGBTI+: Nosso voto, nossa voz". De tempos em tempos, se ouvia um "Fora, Temer" puxado pela multidão. Os organizadores estimaram em 3 milhões o número de participantes.
Antes de a Parada começar, a viúva da vereadora carioca Marielle Franco (PSOL), assassinada em março, a arquiteta Monica Tereza Benício, discursaram. "Apesar de ter cara de festa, é um ato político. É resistência. Temos de vir para a rua fazer festa, mas também para fazer revolução. Isto aqui é revolução.
A recepção foi menos amistosa para o prefeito Bruno Covas (PSDB), que fez um discurso, de menos de dois minutos, sob vaias. "A cidade de São Paulo tem de dar exemplo para o mundo de orgulho e de diversidade. Parabéns a todos vocês e um excelente evento", disse o tucano.
Violência
Na dispersão da parada, duas pessoas foram esfaqueadas na Rua Sergipe, em Higienópolis. De acordo com a Polícia Militar, o crime foi cometido por volta das 18h e três travestis são suspeitos de realizar o ataque, mas ninguém foi preso. O caso está sendo investigado pela Polícia Civil. Um dos feridos foi levado para a Santa Casa e o outro, para o Hospital das Clínicas. A corporação não divulgou a identificação nem o estado de saúde das vítimas.
'Intervenção'
A tarde fria, com máxima de 17°C e garoa, não desanimou quem estava na Parada LGBT.
"A gente tem de vir. Primeiro para dar visibilidade, para todo mundo ver quantos somos. É importante. Mas é uma festa. É um carnaval, mas a gente se sente ainda mais seguro", contou o bancário Renato Auricchio da Silva, de 25 anos, vestido com um maiô e saia transparente.
Na Rua da Consolação, havia também muitas famílias, amontoadas nos cantos da rua, que estavam ali só para ver a festa. "Eu já vim vários anos, moro aqui do lado. Desta vez, a gente trouxe nossa filha para ver, mas ela não está nem aí", disse a vendedora de móveis Marília Paz Morais, de 36 anos, que estava com marido e filha, Laura, de 3 anos, que tinha as atenções mais voltadas para uma bexiga de unicórnio que acabara de ganhar do que para a parada em si.
A música predominante foi a das batidas eletrônicas.
Com um maiô com as cores do arco-íris, a cantora Anitta tornou o trio em que ela estava um dos mais disputados da parada. Outra cantora que dominou a festa foi Pabllo Vittar, também de maiô com as cores do arco-íris. Ela chegou com um roupão feito de reportagens de jornal sobre crimes ligados à homofobia. As informações são do jornal
O Estado de S. Paulo.
(Bruno Ribeiro e Marco Antonio Carvalho).