O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), junto com as polícias Federal, Civil e Ambiental, começou nesta terça-feira, 5, Dia Mundial do Meio Ambiente, a Operação Teia em 15 Estados para combater o tráfico ilegal de animais feito principalmente por vendas via redes sociais.
Os técnicos do Ibama identificaram 1.277 animais sendo oferecidos à venda por perfis no Facebook. Ao longo do dia, 137 animais foram resgatados e 12 pessoas foram presas em flagrante. Foram encontrados aves, répteis, mamíferos e aracnídeos. Até o momento foram aplicadas multas em torno de R$ 500 mil.
Foram emitidos 34 mandados de busca e apreensão no Amazonas, Bahia, Ceará, Espírito Santo, Goiás, Minas Gerais, Mato Grosso, Pará, Paraíba, Pernambuco, Paraná, Rio de Janeiro, Santa Catarina, Sergipe e São Paulo, onde está a maioria dos casos. A operação segue pelos próximos dias.
Em Franco da Rocha, Região Metropolitana de São Paulo, foi encontrada numa casa 6 jabutis, uma tartaruga de orelha vermelha, um sabiá-laranjeira, um sagui, uma iguana e uma cobra do milho, que não é nativa. Os fiscais haviam chegado ao local após denúncia na chamada Linha Verde do Ibama. No local foi encontrado um homem cuidando dos animais. Seu filho seria o responsável por postagens no Facebook.
No Rio, dois homens, pai e filho, foram presos em flagrante pela Polícia Federal na tarde desta terça-feira. Carlos Augusto da Silva Santos e Gustavo Sant’Anna Santos foram capturados em casa, em Santíssimo, na zona norte. Eles anunciavam os animais - lagartos, aranhas, aves, cobras e jabutis - também pelo Facebook, segundo o delegado Anderson Bichara.
Uma equipe com de mais de 20 policiais federais cumpriu quatro mandados de busca e apreensão nos municípios do Rio, Niterói e São João de Meriti. Foram apreendidos lagartos, aranhas, cobras, pássaros e jabutis, que serão encaminhados a entidades de proteção aos animais.
Pai e filho vinham sendo monitorados pela PF. Eles foram presos sem que fosse possível pagamento de fiança, uma vez que incorreram em crimes cujas penas somaram mais do que quatro anos, explicou o delegado: posse ilegal de animais da fauna silvestre e maus tratos, o que fere a Lei de Crimes Ambientais, além de receptação qualificada e falsificação de selo público (por uso de anilhas falsas).
De acordo com o Ibama, a rede social vem sendo usada como ferramenta para o tráfico de animais. Apesar de o Facebook expressamente proibir que a rede seja usada para a venda de animais, diversos perfis com esse tipo de negócio podem ser encontrados. Essa é a segunda operação do Ibama visando a rede. Na primeira, porém, a ação se baseou mais em denúncias. Desta vez, partiu de uma investigação pró-ativa de pesquisa e identificação de traficantes.
“Durante a investigação encontramos 1.277 animais sendo expostos para venda e 85 exibidos sendo mantidos em cativeiro. Para 30 deles, conseguimos comprovar que houve a venda. Alguns morreram nesse meio tempo”, disse à reportagem Roberto Cabral, coordenador de operações e fiscalização do Ibama. "É um volume significativo se considerarmos que esse é o último ponto antes do consumidor final."
Segundo ele, os traficantes que comercializam pelas redes têm um ganho alto com um risco mínimo. "No Nordeste, um jabuti como esse que encontramos é vendido ilegalmente por R$ 5, R$ 7 numa feira. Quando chega aqui e vai para o Facebook, sai por R$ 40, até R$ 80. Como não conseguimos mexer no ganho dele, temos de aumentar o risco de ele fazer essa venda", aponta.
Outro lado
Procurado pela reportagem, o Facebook informou, por meio de nota, que "remove qualquer conteúdo desse tipo assim que fica ciente e fornece às autoridades os dados requisitados seguindo a legislação". Informou também que encoraja "as pessoas a denunciarem conteúdos questionáveis na plataforma para que nossos especialistas possam revisar esses materiais rapidamente."
Para o órgão ambiental, era importante que a rede não só removesse o conteúdo, mas também usasse mecanismos de filtro para impedir que esse tipo de postagem fosse feito antes de mais nada. A rede não se pronunciou a respeito.
(Giovana Girardi e Roberta Pennafort)