Érica Ferreira é uma travesti de 54 anos e namora Jorge, de 49 anos. Os dois estão juntos há 16 anos e recolhem lixo reciclável em uma carroça no centro de Franco da Rocha, na grande São Paulo, e são bastante conhecidos pela população. Com a ajuda de uma ONG, da prefeitura e de moradores da cidade, os dois puderam oficializar a união no último domingo, 22, com direito a vestido branco e terno.
O casamento foi realizado durante a II Parada LGBT de Franco da Rocha, idealizado pelo Instituto Nice, que atua na reinserção social da população LGBT, em parceria com a prefeitura da cidade. Valéria Rodrigues, presidente do instituto, conhece Érica há anos, mas nunca conseguia conversar muito com ela. Até que, em abril, isso mudou.
"Eu finalmente consegui bater um papo mais demorado com ela, de meia hora. Eu perguntei: 'Qual é o seu sonho? Diz pra gente. Eu me sinto impotente de não poder fazer algo por uma igual, uma trans. Ela disse: 'Meu sonho é casar, porque eu sinto que não vou durar muito tempo e tenho medo do meu companheiro ficar desamparado e, se eu casar, ele poderá ficar assegurado ao menos com um cantinho para ele descansar", contou Valéria ao E+.
Valéria pediu para gravar Érica contando sobre o seu sonho. O vídeo foi divulgado e criou uma corrente do bem em Franco da Rocha. De supermercados a salões de beleza, de empresas de produção de filmagem e fotografia a confeitarias, muitas empresas e pessoas doaram seus serviços e produtos para tornar o sonho de Érica realidade.
Então chegou o dia 22 de julho. Érica chegou ao Parque Municipal Benedito Bueno de Morais em um carro de luxo, com um vestido branco bordado e rodado e um longo véu, e atravessou uma multidão que estava ali para celebrar seu amor com Jorge por meio de um tapete vermelho ao som da marcha nupcial. Valéria contou que Érica lhe disse, após o casamento, que aquilo "deu vida para ela" e, que antes, "ela só chorava, não dormia, ficava chorando pedindo para que alguma coisa acontecesse".
"Ela nem sabia que poderia mudar o nome e o gênero no documento. Uma advogada da rede fez todo esse trâmite para ela, de mudar os documentos, e o cartório da cidade deu de presente a documentação do casamento. É muito lindo, sabe? Ela diz que ainda está acordando. A gente que é trans sabe qual é a realidade, e ela sempre ficou desconfiada, dizendo: 'Isso não existe, não dá pra mudar o nome porque eu não sou operada'. E a gente mostrou para ela que é possível", disse a presidente do Instituto Nice.
O Instituto Nice atua nas cidades de Caieiras, Franco da Rocha, Francisco Morato (onde fica a sede), Mairiporã e na capital, e tem como foco auxiliar pessoas transexuais e travestis na reinserção social e profissional. Os profissionais atuam de forma voluntária e se mantêm com parcerias com empresas, órgãos públicos e com doações. A primeira Parada LGBT de Franco da Rocha foi idealizada pela ONG e, após o sucesso, entrou no calendário oficial da cidade.
A ONG celebra por conseguir, "com um trabalho de formiguinha", mudar a história de algumas pessoas e fazer o amor vencer. "Depois da cerimônia, Érica foi para casa, trocou de roupa e voltou com o Jorge para a balada. Eu falei: 'Mulher, vai para a sua lua de mel', e ela respondeu: 'Eu vim é agradecer. Eu nunca senti tanto amor na minha vida. Eu quero sentir mais e mais, porque isso é muito bom!'", contou.
(HYNDARA FREITAS)
O casamento foi realizado durante a II Parada LGBT de Franco da Rocha, idealizado pelo Instituto Nice, que atua na reinserção social da população LGBT, em parceria com a prefeitura da cidade. Valéria Rodrigues, presidente do instituto, conhece Érica há anos, mas nunca conseguia conversar muito com ela. Até que, em abril, isso mudou.
"Eu finalmente consegui bater um papo mais demorado com ela, de meia hora. Eu perguntei: 'Qual é o seu sonho? Diz pra gente. Eu me sinto impotente de não poder fazer algo por uma igual, uma trans. Ela disse: 'Meu sonho é casar, porque eu sinto que não vou durar muito tempo e tenho medo do meu companheiro ficar desamparado e, se eu casar, ele poderá ficar assegurado ao menos com um cantinho para ele descansar", contou Valéria ao E+.
Valéria pediu para gravar Érica contando sobre o seu sonho. O vídeo foi divulgado e criou uma corrente do bem em Franco da Rocha. De supermercados a salões de beleza, de empresas de produção de filmagem e fotografia a confeitarias, muitas empresas e pessoas doaram seus serviços e produtos para tornar o sonho de Érica realidade.
Então chegou o dia 22 de julho. Érica chegou ao Parque Municipal Benedito Bueno de Morais em um carro de luxo, com um vestido branco bordado e rodado e um longo véu, e atravessou uma multidão que estava ali para celebrar seu amor com Jorge por meio de um tapete vermelho ao som da marcha nupcial. Valéria contou que Érica lhe disse, após o casamento, que aquilo "deu vida para ela" e, que antes, "ela só chorava, não dormia, ficava chorando pedindo para que alguma coisa acontecesse".
"Ela nem sabia que poderia mudar o nome e o gênero no documento. Uma advogada da rede fez todo esse trâmite para ela, de mudar os documentos, e o cartório da cidade deu de presente a documentação do casamento. É muito lindo, sabe? Ela diz que ainda está acordando. A gente que é trans sabe qual é a realidade, e ela sempre ficou desconfiada, dizendo: 'Isso não existe, não dá pra mudar o nome porque eu não sou operada'. E a gente mostrou para ela que é possível", disse a presidente do Instituto Nice.
O Instituto Nice atua nas cidades de Caieiras, Franco da Rocha, Francisco Morato (onde fica a sede), Mairiporã e na capital, e tem como foco auxiliar pessoas transexuais e travestis na reinserção social e profissional. Os profissionais atuam de forma voluntária e se mantêm com parcerias com empresas, órgãos públicos e com doações. A primeira Parada LGBT de Franco da Rocha foi idealizada pela ONG e, após o sucesso, entrou no calendário oficial da cidade.
A ONG celebra por conseguir, "com um trabalho de formiguinha", mudar a história de algumas pessoas e fazer o amor vencer. "Depois da cerimônia, Érica foi para casa, trocou de roupa e voltou com o Jorge para a balada. Eu falei: 'Mulher, vai para a sua lua de mel', e ela respondeu: 'Eu vim é agradecer. Eu nunca senti tanto amor na minha vida. Eu quero sentir mais e mais, porque isso é muito bom!'", contou.
(HYNDARA FREITAS)