O reitor da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Roberto Leher, e o diretor do Museu Nacional, Alex Kellner, ao acompanhar o trabalho de rescaldo dos bombeiros no prédio nesta segunda-feira, 3, responsabilizaram o governo federal pela falta de recursos para a instituição. Eles disseram que a partir de 2015 foi desenvolvido um projeto de recuperação estrutural do edifício histórico, mas a liberação do dinheiro - cerca de R$ 21 milhões, do BNDES - só saiu este ano. O museu foi destruído por um incêndio domingo, 2.
"Todos sabíamos que o prédio estava em condições vulneráveis. Eram necessárias intervenções sistêmicas", disse Leher. "O Brasil precisa avaliar para onde estamos caminhando. Não existe nenhuma linha de financiamento dos ministérios da Educação e Cultura para prédios históricos tombados pelo patrimônio histórico. Sofremos queda brutal de orçamento, de R$ 140 milhões no custeio nos últimos quatro anos. É necessário que o governo federal olhe para o Brasil.
O reitor disse que em 2015 foi colocada a necessidade de um novo sistema de prevenção de incêndios. Ao comentar se o acidente foi uma tragédia anunciada, afirmou: "Era um cenário muito provável. Prédios tombados precisam de recursos significativos, que nossos museus não têm. Sem dinheiro, todo o patrimônio público museal corre riscos".
Do projeto de 2015 constava a necessidade de recomposição do telhado e de "patologias estruturais". O sistema elétrico, no entanto, não estava em más condições, disseram o reitor e o diretor.
À entrada do museu, é possível ver apenas o meteorito de Bendegó. Outros meteoritos já foram retirados. O diretor também não quis estimar qual a percentagem do museu que foi queimada. Um levantamento ainda será feito. Ele preferiu não conjecturar sobre a causa do incêndio. Kellner afirmou que não há registro de ocorrência de balões na história do museu.
"A responsabilidade é do governo federal, não adianta dizer que não.
Kellner, há mais de 20 anos no museu, falou com emoção e indignação à imprensa. "Perdemos parte do acervo, que não façam com que o Brasil perca sua história. O Bendegó resistiu, e, da mesma forma, vamos resistir. O País está de luto.
O incêndio de grandes proporções destruiu o acervo do Museu Nacional, na zona norte do Rio, na noite deste domingo, 2. O fogo começou por volta das 19h30 de domingo e durou até por volta de 2 da manhã desta segunda-feira, 3. Após o exaustivo combate às chamas, prejudicado pela falta de água nos hidrantes da instituição, iniciou-se ainda de madrugada o trabalho de rescaldo..