Jornal Estado de Minas

Vídeo mostra segurança agredindo cãozinho com barra metálica no Carrefour

Imagens de uma câmera de segurança obtida, nessa quarta-feira (5/12), pela Delegacia de Meio Ambiente de Osasco, na Grande São Paulo, mostram o momento em que um homem usa uma barra metálica para agredir o cãozinho do Carrefour.

A pessoa, identificada como um segurança terceirizado da loja, desfere um golpe que acerta o animal e rasga sua coxa traseira. O ferimento fez com que o cãozinho "Manchinha", como era conhecido, ficasse sangrando. A morte do cachorro gerou uma onda de protestos contra o Carrefour.

O investigador chefe da delegacia, Roberto Semeão, disse que as imagens confirmam que o cãozinho sofreu maus tratos. "O vídeo caracteriza a agressão, mostra uma única pancada com a barra de alumínio que tinha uma ponta e feriu o cachorro, fez com que ele ficasse sangrando. Essa lesão pode ter sido a causa da morte", disse.

Conforme Semeão, a equipe do Centro de Zoonoses da prefeitura examinou o animal, mas o cremou sem fazer a coleta de material para análise. "Quando a equipe foi acionada, a informação era de que o cão tinha sido atropelado no estacionamento e ainda não havia suspeita de maus tratos, por isso o cremou, como é praxe nesses casos."

A veterinária da Zoonoses que examinou Manchinha emitiu um laudo sobre os ferimentos, mas não teve como atestar se o animal foi envenenado. "Como geralmente o efeito do veneno é imediato, é mais provável que a morte seja decorrente da agressão, mas ainda tentamos obter novas imagens e vamos ouvir testemunhas que tenham presenciado o acontecido", disse.
Segundo o policial, algumas testemunhas arroladas não compareceram à delegacia, alegando estarem com receio, diante da repercussão do caso.

O funcionário terceirizado do Carrefour que agrediu o animal já foi identificado, mas ainda não depôs. "Fomos três vezes à casa dele e não o encontramos. Familiares disseram que ele está muito assustado, mas deve se apresentar."

Ainda segundo o policial, o funcionário deve dizer se agiu por conta própria ou recebeu ordens superiores. Conforme ativistas, o segurança teria recebido ordem de um gerente para "sumir" com o cãozinho, pois haveria uma inspeção na loja.
Inquérito

Um abaixo assinado pedindo "cadeia para quem matou o cãozinho do Carrefour de Osasco", tinha chegado a 1,7 milhão de assinaturas na tarde de terça-feira (4/12). A autora, Vera Costa, pretendia chegar a 3 milhões de assinaturas para pressionar a Polícia Civil e o Ministério Público Estadual (MP-SP) a punirem os culpados. "A empresas deve responder por orientar funcionário a se livrar do animal de maneira cruel", postou.


Nesta quinta, o promotor de Justiça Marco Antônio de Souza instaurou inquérito civil para investigar os responsáveis pelos maus tratos.
"O procedimento teve início após o recebimento de diversas representações e ampla divulgação do fato, tanto pelos veículos de comunicação quanto por redes sociais", diz o MP-SP, em nota. "Para instaurar o procedimento, Souza considerou, entre outros aspectos, que segundo a lei, é dever do Estado proteger todos os animais".

A ativista Luisa Mell, que foi à delegacia e viu o vídeo com a agressão ao cachorro, postou em rede social que uma associação de advogados criminalistas está entrando com ação de maus tratos contra o funcionário e danos morais coletivos contra o Carrefour. "Iremos acompanhar as investigações. Queremos justiça", escreveu. Personalidades como o apresentador Luciano Huck, as atrizes Tatá Werneck e Claudia Mauro repudiaram as agressões e exigiram respostas do Carrefour.

Na noite de terça-feira (5/12), um grupo de manifestantes entrou na loja de Osasco com cartazes, aos gritos de "justiça" e "queremos punição". Clientes que estavam na loja aderiram ao protesto. Outra manifestação em frente à loja está sendo convocada para a tarde de sábado, 8.

Segundo o professor de direito penal João Paulo Martinelli, praticar abusos, maus tratos, ferir ou mutilar animais silvestres, domésticos ou domesticados, nativos ou exóticos é crime punido com pena de detenção de três meses a um ano, além de multa.
Incorre nas mesmas penas quem realiza experiência dolorosa ou cruel em animal vivo, ainda que para fins didáticos ou científicos, quando existirem recursos alternativos. A pena é aumentada de um sexto a um terço, se ocorre a morte do animal, diz Martinelli.

Procurado, o Carrefour não havia dado retorno até a tarde desta quarta. No dia anterior, a empresa divulgou nota reconhecendo que "um grave erro" havia acontecido na loja de Osasco e que era a maior interessada em que todos os fatos fossem esclarecidos. Informou ainda que, desde o início da apuração, o funcionário de empresa terceirizada foi afastado.

"Queremos informar também que estamos recebendo sugestões de várias entidades e ONGs ligadas à causa que vão nos auxiliar na construção de uma nova política para a proteção e defesa dos animais", acrescentou.
 

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