Um dos advogados de João de Deus, Alberto Zacharias Toron garantiu ao Correio que o médium, acusado de abusar sexualmente mais de 300 mulheres durante tratamentos espirituais, vai se entregar à polícia. O defensor, no entanto, não especificou quando ou onde. O representante acrescentou que entrará com um pedido de habeas corpus contra o mandado de prisão preventiva do médium, decretado nesta sexta-feira (14/12) pela Justiça de Goiás.
Desde a última quarta-feira, quando João de Deus apareceu no centro espírita onde trabalhava, em Abadiânia, cidade goiana no Entorno do Distrito Federal, não há notícias sobre o paradeiro do líder espiritual. Nem mesmo pessoas próximas sabem dizer onde ele está.
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Entenda o caso João de DeusCaso João de Deus pode ter envolvimento de quatro funcionáriosJustiça de Goiás decreta prisão do médium João de DeusJoão de Deus exerce liderança em AbadiâniaPolícia de Goiás termina hoje de vasculhar os endereços de João de Deus'Nós não vamos fechar', diz funcionário de João de DeusMulher diz ter sido abusada por João de Deus em Vitória em 1984A prisão preventiva foi decretada pelo juiz Fernando Chacha, de Alexânia, cidade vizinha a Abadiânia. Ele acolheu dois pedidos de prisão: um da Polícia Civil e outro do Ministério Público de Goiás. Antes da decisão, o advogado do médium esteve em Alexânia para apresentar a versão dele, e teria sugerido que ele fosse filmado e vigiado enquanto fazia as consultas no centro. O juiz não aceitou as propostas.
Abusos
Desde a última sexta-feira (7/12), João tem sido alvo uma série de denúncias de violência sexual. Os cinco promotores do MPGO já identificaram 330 mulheres que acusam o médium de abuso sexual. Em média, a força-tarefa tem recebido 100 denúncias por dia, desde segunda-feira (10/12).
Ao todo, mulheres de 12 unidades da Federação — Goiás, Distrito Federal, Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Rio de Janeiro, Pernambuco, Espírito Santo, Rio Grande do Sul, Mato Grosso do Sul, Pará e Santa Catarina — já relataram casos. A maioria das possíveis vítimas fez contato por meio do canal criado exclusivamente para essa finalidade, o e-mail denuncias@mpgo.mp.br.
Na quarta-feira, João fez sua primeira e, até o momento, única apariação pública após as denúncias. Às 9h40, o médium chegou a Abadiânia para atendimentos na Casa Dom Inácio de Loyola. Minutos depois, ele deixou o local amparado por advogados, funcionários e pessoas que se identificaram como médicos, segundo os quais ele passou mal durante o início dos trabalhos espirituais.
Dentro da casa, o médium goiano disse que está à disposição da Justiça brasileira. "Irmãos e minhas queridas irmãs, agradeço a Deus por estar aqui. Quero cumprir a lei brasileira. Estou nas mãos da Justiça. O João de Deus ainda está vivo", declarou.
Repórteres e cinegrafistas que aguardavam João de Deus no local foram agredidos com socos e até mordidas. Alguns fiéis ameaçaram os profissionais de imprensa. "Vocês terão câncer e voltarão todos aqui para se curar. Você se arrependerão do que estão fazendo", gritava uma mulher. "Lamentamos o que aconteceu, não é de nosso costume, mas foi uma situação que saiu do controle", comentou Cláudio Prujar, voluntário da Casa Dom Inácio que ficou responsável por atender a imprensa.
*Estagiário sob supervisão de Humberto Rezende
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