O delegado-geral da Polícia Civil de Goiás, André Fernandes, disse neste domingo, 16, que o médium João Teixeira de Faria, o João de Deus, utilizava a fé para cometer abusos sexuais contra suas vítimas. Por isso, uma das possibilidades é que o líder religioso seja enquadrado, entre outras tipificações, no crime de "violência sexual mediante fraude". Após mais de quatro horas de depoimento, João de Deus não admitiu crime, porém, em nenhum dos casos investigados inicialmente.
Neste caso, o artigo do Código Penal que pode ser utilizado nos inquéritos é o 215, que trata do ato de ter "conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com alguém, mediante fraude ou outro meio que impeça ou dificulte a livre manifestação de vontade da vítima". Por enquanto, a investigação contra João de Deus se concentra em 15 casos, que serão apurados separadamente. Cada um deles vai ter seu próprio inquérito e investigação própria.
"Ele respondeu a todas as indagações feitas pela Polícia Civil. Foi um interrogatório de sete páginas, bem detalhado e agora as investigações continuam. Ele apresenta a versão dele sobre os fatos e ao final cabe a nós a tipificação, o relatório e o envio desse material para o Judiciário. Ao Judiciário caberá a última palavra", disse Fernandes. "Com certeza, ele não admite (os crimes). Apresenta a versão dele sobre o ocorrido. Ele utilizava a questão da fé, (há) vários argumentos para poder enquadrá-lo nesse tipo (violência sexual mediante fraude)", complementou.
O médium João de Deus deixou o Instituto Médico Legal de Goiânia no fim da noite deste domingo, 16, após prestar depoimentos na Delegacia Estadual de Investigação Criminal (DEIC) sobre as denúncias de abuso sexual. O líder espiritual foi encaminhado para o Complexo Penitenciário de Aparecida de Goiânia, a 20 quilômetros da capital, onde passará pelo menos a primeira noite de sua prisão preventiva.
A Polícia Civil disse também que, neste primeiro depoimento, João de Deus respondeu apenas sobre casos envolvendo abuso sexual e que ele deve ser intimado a um novo interrogatório quando a investigação for apurar outros possíveis crimes cometidos pelo médium. "Esse foi um primeiro interrogatório somente sobre a questão do abuso sexual. Nada impede que ele tenha que prestar um novo interrogatório", disse.
Por fim, o delegado André Fernandes disse ainda que o líder espiritual estava em "perfeito juízo" durante os questionamentos e que não teve nenhum problema de saúde. "Ele lembra das pessoas, explica o que aconteceu, como foi, ele estava em perfeito juízo", afirmou.
Apesar da investigação se concentrar em 15 casos de abuso, a Polícia Civil espera receber ainda mais denúncias agora que João de Deus foi preso preventivamente. "Entendemos que com a prisão dele haverá um encorajamento de vítimas e isso poderá levar a um aumento da procura da Polícia Civil", disse.
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