Jornal Estado de Minas

Cadela é morta como forma de 'oferenda' para conseguir promoção no trabalho

Uma cadela foi morta a facadas dentro de uma casa na Metropolitana (Núcleo Bandeirante), em Brasília, na noite desse domingo. Uma equipe da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) fazia a ronda no local quando encontrou o cão ensanguentado e, próximo a ele, estava um homem, também sujo de sangue. Depois de ser abordado, ele entrou em uma casa e foi acompanhado pelos policiais. Na residência foi encontrada uma tigela com sangue e uma carta de oferenda para conseguir uma promoção no trabalho. O companheiro do homem também é suspeito de praticar o crime. 

De acordo com a ocorrência, registrada na 11ª Delegacia de Polícia (Núcleo Bandeirante), o suspeito, de 27 anos, informou aos militares que o cão havia sido atropelado. No entanto, a equipe desconfiou da versão ao ver um rastro de sangue de onde o animal estava jogado até a casa em que o homem morava. A tigela de sangue estava dentro da casinha da cadela, que era o animal de estimação da casa. A residência também estava suja de sangue e, além da carta, uma faca foi encontrada.

No texto, dedicado a um senhor da umbanda, o homem pede para ser selecionado no processo seletivo para ocupar nova função no trabalho e conseguir um aumento no salário, justificando que a remuneração não é suficiente para bancar as dívidas.
"Peço que abra os nossos caminhos e tire qualquer obstáculo aos nossos projetos, que possamos aumentar os nossos ganhos e superar a crise financeira", escreve. 

No entanto, a carta teria sido escrita pelo companheiro, de 30 anos, servidor do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT), que confessou a autoria. No depoimento, o servidor afirmou que estaria dormindo no momento do crime e que, ao acordar, ver sangue pela casa e perceber a ausência do animal, questionou o companheiro, que teria confessado matar a cadela como uma oferenda, pois precisava de dinheiro. 

Já o homem de 27 anos disse ter encontrado o animal molhado dentro da casinha e, logo depois, percebeu que era sangue. Os dois estavam juntos desde outubro de 2016, sendo que a cadela, batizada de Laila, já pertencia ao suspeito mais novo. Ambos assinaram um termo de compromisso e foram liberados.

A advogada e defensora dos direitos dos animais Ana Paula de Vasconcelos afirmou que vai conduzir o caso ao Judiciário. " O crime bárbaro e repugnante não poderá ficar impune. Além do processo criminal, serão buscadas as sanções administrativas, com a multa prevista em 40 salários mínimos, conforme lei distrital", disse. 
 
O que diz a umbanda 
 
Sacrificar cães como forma de oferenda não é uma prática aceita nas religiões de matrizes africanas e, no caso da umbanda, nenhum animal é apresentado desta forma. É o que explica o representante Ògan Luiz Alves.
"A umbanda não sacraliza animais, assim como Exu Tiriri não pede cachorro. Enquanto afrorreligioso, desconheço totalmente a prática. Se uma pessoa corta um cão, faz isso por conta e responsabilidade dela. Até porque, nas religiões de matrizes africanas no Brasil, apenas se sacraliza se o animal nos servir como alimento. Além disso, o cachorro é respeitado por ser consagrado a Ogum e a Omolú."
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