Jornal Estado de Minas

Carnaval 2019

Sete escolas de samba desfilam na 1ª noite do carnaval de São Paulo


Na primeira noite do carnaval 2019 de São Paulo no Sambódromo do Anhembi, na zona norte da capital, sete escolas se apresentaram sem atrasos na dispersão, sufoco ou correria.

O desfile teve início às 23h15 desta sexta-feira, 1º, e se encerrou por volta das 7 horas de sábado, 2. Entraram na avenida, na ordem: Colorado do Brás, Império da Casa Verde, Mancha Verde, Acadêmicos do Tucuruvi, Acadêmicos do Tatuapé, X-9 Paulistana e Tom Maior. Outras sete se apresentam neste sábado: Águia de Ouro, Dragões da Real, Mocidade Alegre, Vai-Vai, Rosas de Ouro, Unidos de Vila Maria e Gaviões da Fiel.

A Império da Casa Verde, segunda a desfilar, chamou atenção por explorar o cinema como temática. A agremiação desfilou sob chuva com alas que fizeram referência aos filmes Alice no País das Maravilhas, Cantando na Chuva, entre outros. A bateria tocou fantasiada de Darth Vader, vilão da saga Star Wars.

Um dos pontos altos da noite foi a presença do sambista Arlindo Cruz, homenageado pela escola X-9 Paulistana.

Ele subiu em um dos carros alegóricos acompanhado de familiares, incluindo o filho Arlindinho. A X-9 foi a penúltima escola deste primeiro dia.

Colorado do Brás
- Foto: Miguel Schincariol/AFP
Com o tema "Hakuna Matata - isso é viver", música temática do filme Rei Leão, a Colorado do Brás abriu o primeiro dia de desfiles no Carnaval 2019 de São Paulo, no sambódromo do Anhembi, às 23h20 desta sexta-feira, 1°. Foram sete escolas a desfilar ao todo nos 500 metros de avenida.

Nesta edição, nas cores vermelho e branco, a Colorado do Brás retorna ao grupo especial após 25 anos e faz homenagem ao Quênia. A expressão "Hakuna matata", que no filme significa "sem problemas" e "seja feliz", será a tônica do desfile para mostrar que a alegria supera dificuldades.

Com carros alegóricos que exploravam a diversidade da fauna e da flora da vegetação africana, a Colorado desfilou com as cores dos animais da savana, entre pássaros, macacos e leões. Na avenida do samba, a chuva esperada para o final de semana de carnaval começou a cair logo no primeiro desfile da noite, antes mesmo de 0h.

Império da Casa Verde
- Foto: Miguel Schincariol/AFP
Segunda a desfilar, a Império da Casa Verde levou para a avenida a magia do cinema sob chuva fina que vai no Anhembi. Em um dos carros alegóricos, há um telão onde passam trechos de cenas cinematográficas em preto e branco, com direito a teatralização dos integrantes que imitam cenas de filmes.

O samba-enredo, "O Império Contra-Ataca", faz alusão à saga clássica Star Wars, tendo na bateria o vilão Darth Vader como fantasia.
O primeiro carro alegórico é de um tigre azul de asas abertas, que de tão compridas quase alcançam as arquibancadas.

No sambódromo, a proposta da 'Tigre' - o mascote da Império - é colorir a pista de referências cinematográficas, como Cantando na chuva, onde a ala samba na avenida segurando guardas-chuva. No grupo que faz referência a Alice no País das Maravilhas, naipes de baralho, como a Rainha de Copas. Os sambistas cantam com a estatueta do Oscar.

Mancha Verde
- Foto: Miguel Schincariol/AFP
A Mancha Verde, escola de samba do Palmeiras, foi a terceira a desfilar na madrugada desta sexta-feira, 1°, para sábado, 2, no sambódromo do Anhembi, em São Paulo. O grupo entrou na avenida por volta de 1h30.

Nas cores verde, branco e vermelho, a escola cantou, sambou e desfilou em homenagem à saga de uma guerreira negra. O samba-enredo, "Óxala, Salve a Princesa! A Saga de uma Guerreira Negra!", é um canto às tradições de origem africana: cita maracatu, Iemanjá, África e Zumbi dos Palmares.

Uma ala do grupo fez referência ao Congo como local de escoamento de marfim e outros produtos da região. Logo no primeiro carro alegórico, destaque para os elefantes com dentes de marfim e para imagens de mulheres negras.

A primeira ala invadiu a avenida com fantasias ricas em detalhes com lantejoulas, brilhos e fitas. O verde em diferentes tonalidades domina o desfile, que reúne três mil componentes ao todo.

Uma senhora que desfilava na primeira ala da Mancha Verde passou mal e precisou ser retirada na metade da avenida.
Ela teve apoio da equipe da escola, entre eles o diretor de alas, que retirou toda a fantasia para que a participante conseguisse respirar. Ela também foi auxiliada por espectadores, que buscaram água. A senhora foi removida da avenida pelo acesso à sala de imprensa.

Acadêmicos do Tucuruvi
- Foto: Miguel Schincariol/AFP
Entrou no sambódromo do pouco antes das 3 horas a Acadêmicos do Tucuruvi. Com o enredo "Liberdade... O canto retumbante de um povo heroico", este ano a Tucuruvi leva para a avenida 2,8 mil integrantes, vinte e duas alas e cinco alegorias.

A avenida ficou pontilhada das principais cores da escola: azul, branco, vermelho e amarelo. O primeiro carro alegórico é um navio com um esqueleto na proa, utilizado para mostrar a relação do colonizador com o índio colonizado nas origens do Brasil.

Na letra da escola, são feitas referências a canções de Geraldo Vandré ("Quem sabe faz a hora, não espera acontecer..."), Chico Buarque ("Apesar de você...") e Caetano Veloso ("Caminhar contra o vento, eu vou"...).

A composição fala de liberdade e rompimento de barreiras, em tom político, mas com foco nos movimentos sociais e nas manifestações, como Parada Gay e greve dos professores.

Fechando o desfile, o último carro alegórico teve como temática o embate político-eleitoral entre #EleNão e #EleSim, que dominou as redes sociais entre apoiadores e opositores do presidente Jair Bolsonaro.


Acadêmicos do Tatuapé
- Foto: Miguel Schincariol/AFP
Um dos destaques da primeira noite de Carnaval no sambódromo do Anhembi, a Acadêmicos do Tatuapé, escola da zona leste, entrou na avenida às 3h55. O grupo busca o terceiro título consecutivo na defesa do patriotismo e do amor ao País.

Guerreiros da história, incluindo samurais, lendas e mitos, foram homenageados pelo samba-enredo: "Bravos guerreiros: por Deus, pela honra, pela justiça e pelos que precisam de nós".
Na letra, a Tatuapé pregou o patriotismo e o amor ao Brasil ao cantar: "Sou brasileiro.../Vou defender minha nação/Oh Pátria amada, idolatrada, não chores em vão".

Com as cores da bandeira do Brasil - amarelo, verde, azul e branco -, a Tatuapé apresentou como abre-alas os Templários, primeiros guerreiros da Guerra Santa, nos tons dourado, azul e vermelho com penas de pavão nas costas. Romanos, personagens da mitologia grega, samurais japones e guerreiros africanos também foram cantados.

O vermelho também apareceu com força, sendo a principal cor do primeiro carro alegórico, intitulado "Em nome de Deus". Outras cores da agremição foram pink e preto, na ala dos samurais. Uma cobra e uma espada compuseram a fantasia dos guerreiros japoneses, simbolizando a sabedoria e a luta, respectivamente.

A Tatua Tatuapé precisou correr para não deixar um buraco na avenida depois que um carro apresentou problema na saída da concentração. Apesar da falha, que causou corre corre, a escola conseguiu levar a alegoria para o desfile.

Entre os guerreiros da vida real homenageados pela escola, estão Chico Mendes e Dorothy Stang, além dos jornalistas Tim Lopes, Vladimir Herzog e José Hamilton Ribeiro.

X-9 Paulistana
- Foto: Miguel Schincariol/AFP
Penúltima da avenida nesta primeira noite de desfile no sambódromo do Anhembi, a X-9 Paulistana entrou na avenida para homenagear o sambista Arlindo Cruz às 5 horas deste sábado, 2. A escola foi a responsável pela grande novidade da noite: a presença do músico no sambódromo.

Arlindo se recupera de um Acidente Vascular Cerebral (AVC) sofrido há dois anos e sua esposa chegou a anunciar nesta sexta-feira, 1, que o músico não poderia estar no desfile. Na madrugada deste sábado, contudo, sua participação foi anunciada nas redes sociais por seu filho Arlindinho, que é um dos compositores do samba que homenageia o pai.

Nas cores verde, vermelho e branco, a X-9 teve alas com referências às músicas do artista. Como mote, o samba-enredo trouxe "Meu lugar é cercado de luta e suor, esperança num mundo melhor! O show tem que continuar". A bateria animou o público, que vibrou, cantou em coro e registrou o espetáculo em vídeos e imagens.
A rainha Juju Salimeni comandou a ala dos instrumentistas.

Na ala "O Show tem que continuar", uma celebração à composição do sambista, que canta "Quando em sua construção poética afirma que aconteça o que acontecer, o show da vida tem que continuar, mesmo que tenhamos que se apresentar em Paris, no Olimpiá".

Tom Maior

Com o céu já claro, a Tom Maior fechou a primeira noite de desfile das escolas de samba de São Paulo neste carnaval 2019. A agremiação entrou na avenida pontualmente às 6h15 trazendo no samba-enredo as temáticas da fé e da ciência.

"Penso, logo existo. As interrogações do nosso imaginário, na busca do inimaginável" é o tema da escola este ano, misturando no mesmo samba religião e teoria da evolução. Na primeira ala, Adão, um homem das cavernas e um macaco foram os protagonistas, simbolizando a origem humana. Eles encenaram rodeados por animais em fantasias de tons vibrantes.

Vermelho, amarelo e branco, cores da Tom Maior, chamaram atenção nas alegorias e alas, que exploraram símbolos da natureza, como animais e plantas. O Sol foi representado em grande estilo pela ala das baianas, que banhou de dourado a passarela do samba. Elas foram o ponto alto do desfile.

Diz a letra: "Destino traçado na palma da mão / Nas cartas do tarot, mais uma previsão" e "Se querer é poder, eu vou criar / Buscar na ciência, superar uma alquimia". Uma das aulas fez referência à teoria do Big Bang, com a "dança das partículas". Planetas e astros enfeitaram a cabeça dos integrantes da escola na ala "Criação do Universo"..