Minutos após o massacre na Escola Estadual Raul Brasil, em Suzano, na Grande São Paulo, o estudante José Vitor Ramos Lemos, de 18 anos, chegou caminhando sozinho no Hospital Santa Maria, a duas quadras do colégio, com uma machadinha cravada na clavícula direita.
Ele foi submetido a cirurgia e seu quadro era considerado estável no início da tarde desta quarta.
José Victor conversou com os pais após o procedimento cirúrgico. Segundo eles, ao ouvir os disparos, o estudante, que estava com a namorada, perdeu-se dela. José Vitor pulou o muro da escola, deu de cara com um dos atiradores e foi atingido pela arma branca no ombro.
"Ele estava com a namorada, saiu para outro lugar, e os dois se desencontraram. Pulou o muro e foi pego de surpresa pelo atirador", conta o pai Marco Lemos.
A mãe, Sandra Regina Ramos, disse que o filho nasceu de novo. Segundo Sandra, o jovem está traumatizado e ela também. "Ele provavelmente não vai querer mais voltar para a escola. Vamos esperar para ver", disse.
No hospital Santa Maria, chegaram sete estudantes feridos, com idades entre 15 e 19 anos. "Depois do José Vitor chegaram os demais, alguns por meios próprios, outros vieram trazidos pela polícia", conta Débora Nogueira, diretora técnica e coordenadora do pronto-socorro.
"No momento em que ele (José Victor) cogitou terem mais vítimas é que a gente acabou aguardando que pudesse chegar um outro paciente, mas chegaram diversos". Ao longo do dia, cinco foram transferidos.
'Mãe, me socorre'
Mãe de Letícia Mello, de 15 anos, uma das vítimas baleadas, a dona de casa Valéria de Mello Oliveira disse que estava em casa quando recebeu mensagens de áudio da filha.
"Ela levou um tiro na lombar, mas está bem, graças a Deus. Foi um desespero. Ela me mandou uma mensagem dizendo 'Mãe, está tendo um tiroteio aqui na escola, me socorre'.
A jovem foi levada para o hospital Santa Maria, onde recebeu os primeiros atendimentos. Por volta das 13 horas, Letícia foi transferida para a Santa Casa de Suzano, segundo informações do Santa Maria..