Muitas vezes motivada por situações de bullying e problemas com autoestima, a otoplastia é um dos procedimentos estéticos mais comuns em crianças e adolescentes. A cirurgia plástica corrige orelhas de abano, que têm origem genética e atingem de 2% a 5% da população. Ela pode ser feita a partir dos seis anos, idade em que as orelhas chegam a quase 100% do tamanho final.
"O primeiro passo é apalpar as orelhas e definir quais estruturas deverão ser abordadas e quais técnicas serão utilizadas para modelar e buscar o resultado mais natural possível", indica Mauro Speranzini, especialista em otoplastia pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica.
Saúde em dia
Antes de se submeter à um procedimento cirúrgico, é indispensável ter indicadores de que o organismo está saudável; exames de sangue e até mesmo de uma avaliação cardiológica são necessários. O histórico de saúde antecipa possíveis complicações e traz um alerta quanto aos riscos da cirurgia. O ambiente onde a operação será realizada também merece atenção: é fundamental que seja feita em um centro cirúrgico estruturado, sendo que os hospitais são recomendados para crianças menores de 10 anos.
Parar de fumar é outro pré-requisito para quem vai se submeter à otoplastia. "O cigarro diminui a circulação sanguínea, o que aumenta a chance de sofrimento e até mesmo necrose da pele", explica Mauro.
Pós-operatório
O procedimento dura poucas horas e o paciente recebe alta ainda no mesmo dia. Por dois ou três dias, deve permanecer com o curativo pós-operatório, popularmente chamado de 'capacete', para depois retirá-lo no consultório.
"Nos primeiros dias do pós-operatório, deve-se evitar alimentos que necessitem mastigar muito, pois o movimento das mandíbulas pode causar desconforto nas orelhas. É normal sentir uma dor leve ou moderada. Caso ocorra, os analgésicos prescritos darão conta de controlá-la sem dificuldades", diz Mauro.
O procedimento é feito pela parte de trás da orelha, então as cicatrizes são praticamente imperceptíveis. O resultado da otoplastia já fica evidente logo ao final da operação. No entanto, como a região fica inchada nos primeiros dias, a aparência definitiva poderá ser analisada entre o primeiro e segundo mês após a cirurgia.
Risco de nova cirirgia
Estatísticas médicas indicam que entre 10% e 15% dos pacientes precisam refazer a cirurgia em algum momento da vida, por conta do retorno parcial ou total da orelha à posição original. No entanto, não são todas as cirurgias que podem ser reparadas.
Onde procurar atendimento
De acordo com o Ministério da Saúde, "o Sistema Único de Saúde (SUS) não contempla procedimentos de cirurgia estética".
O paciente pode receber auxílio na rede pública em casos mais graves, anomalias de posição da orelha e outras deformidades. O atendimento inicial é feito na Atenção Básica, em Unidades Básicas de Saúde (UBS). Caso o médico julgue necessário, o paciente é encaminhado para a Atenção Especializada.
Outra possibilidade é o Projeto Orelhinha, ação social que promove cirurgias de otoplastia por meio de parcerias médicas. A operação é oferecida nas capitais do País com um baixo custo.
"Essa cirurgia não é de caráter puramente estético, mas sim social, pois a correção da orelha de abano tem reflexo diretamente na autoestima do paciente. Percebemos, imediatamente após a cirurgia de otoplastia, que a vida dessas pessoas muda para melhor", destaca o fundador do projeto, Marcelo Assis.
Bullying e otoplastia
Em reportagem sobre a influência do bullying nos procedimentos estéticos em crianças e adolescentes, a neuropsicóloga Edyleine Benczik falou sobre a percepção da imagem corporal. "O feedback que recebe do ambiente pode reforçar positiva ou negativamente o autoconceito e a sensação de serem ou não aceitos socialmente", relata a especialista em psicologia escolar e do desenvolvimento humano.
Segundo a neuropsicóloga, "a alteração na percepção da imagem corporal pode se tornar uma patologia a partir do momento em que ela começa a afetar a vida social e a saúde da pessoa".