O neurocientista Ricardo Oliveira da UniRio e do Instituto D'Or é um especialista na mente dos psicopatas. A ausência das chamadas emoções morais (a culpa e a pena) é a principal característica dos psicopatas. Mas, garante, ao contrário do que mostram muitos filmes, os psicopatas não são especialmente inteligentes. "Isso não é verdade", disse, em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo. "Uma minoria pequeníssima é inteligente, mas são esses que sobressaem."
O distúrbio afeta 3% dos homens e menos de 1% das mulheres. Oliveira fala nesta sexta-feira, 26, sobre o tema na Rio2C, a conferência sobre inovação na Cidade das Artes, na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio.
Como definir um psicopata?
É uma coleção de achados. Entre os mais importantes estão a redução ou ausência das emoções morais - que são, essencialmente, a culpa e a pena, que formam a base da moral.
A psicopatia pode ser classificada como uma doença?
Depende de como você define doença. Num sentido estritamente médico, como falamos de pneumonia, meningite, não é uma doença. O que chamamos de doenças mentais, como esquizofrenia e depressão, são distúrbios pontuais.
Tem tratamento?
Não, não tem. Houve algumas tentativas, mas nada consistente. Mas há um outro grupo, o dos sociopatas, que é composto por indivíduos antissociais, mas que não têm a frieza, a ausência de emoções morais dos psicopatas, ou seja, não são casos tão graves.
Os psicopatas são inteligentes?
Isso é mentira. Existe essa mística de que o psicopata é inteligente. Mas não é verdade.
A psicopatia, ou essa ausência das emoções morais, tem uma origem genética?
As emoções são criadas no cérebro, mas existe um determinismo genético sim, de mais de 60%. Da mesma forma que a variação de altura, da cor dos olhos, da cor da pele, a gente sabe hoje que as coisas psíquicas têm uma contribuição genética muito forte.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo..