Todas as famílias dos estudantes vítimas do massacre na Escola Estadual Raul Brasil, em Suzano, na Região Metropolitana de São Paulo, fizeram acordos extrajudiciais de indenização com o Estado. Segundo a Defensoria Pública de São Paulo, 45 pessoas ao todo foram indenizadas. O ataque ocorreu no dia 13 de março, deixando dez mortos, incluindo os dois atiradores.
As indenizações abrangeram 18 famílias (de cinco estudantes e duas funcionárias que morreram e de 11 alunos que sofreram lesões). Os valores pagos são sigilosos, conforme acordo entre a Defensoria e a Procuradoria-Geral do Estado. O pedido de sigilo, segundo a Defensoria, também foi feito pelas próprias famílias.
No dia do ataque, os atiradores G. T. M., de 17 anos, e Luiz Henrique de Castro, de 25 anos, entraram na escola na hora do intervalo. Eles já haviam matado o tio de G.T.M. com três tiros pelas costas em uma revendedora de carros a 750 metros do local.
Na unidade, atiraram contra estudantes e funcionárias e agrediram alunos com uma machadinha. Sete estudantes e duas funcionárias foram mortos. Os atiradores também morreram.
Em 6 de abril, o governo de São Paulo publicou os critérios para as indenizações. O texto estabelecia prazo de 60 dias para que cada família decidisse se optaria ou não pela proposta de indenização apresentada.
Segundo a Defensoria, cinco dias depois, 11 estudantes feridos no ataque passaram por avaliações física e psicológica de peritos do Instituto de Medicina Social e de Criminologia de São Paulo (Imesc). Os laudos embasaram a definição de valores e acordos indenizatórios.
Apoio psicológico
De acordo com o governo do Estado, um convênio foi realizado com psicólogos para atendimento na cidade. Segundo o secretário da Saúde, José Henrique Germann Ferreira, mais 47 profissionais atuarão em Suzano até o fim de junho. A previsão é que os psicólogos realizem até 40 mil atendimentos no decorrer deste ano.
Os profissionais tiveram seus currículos avaliados e passarão por capacitação para definição de projetos terapêuticos conforme a necessidade dos paciente. O convênio tem vigência inicial de oito meses e custo de R$ 2,2 milhões para as contratações. De acordo com o Secretário da Educação, Rossielli Soares, 20 alunos foram transferidos ou saíram do colégio por algum motivo após o ataque.
Responsabilidade
O Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) aceitou denúncia por homicídio e venda ilegal de arma de fogo contra quatro homens, acusados de vender o revólver calibre 38 e munições usados no massacre. Os réus vão responder por dez assassinatos (incluindo os dois atiradores), além de outras 11 tentativas - os feridos no ataque.
A Polícia Civil concluiu o inquérito do massacre na semana passada e indiciou Cristiano Cardias de Souza, de 47 anos, o Cabelo; Geraldo de Oliveira Santos, de 41, o Buiu; Marcio Germano Masson, de 33, o Alemão; além de Adeilton Pereira dos Santos. Na quinta-feira, 30, a denúncia foi oferecida pelo Ministério Público Estadual (MPE-SP) e aceita pela Justiça no dia seguinte.
Todos os réus já estão presos preventivamente. Como eles respondem a processo por homicídio, devem ser julgado pelo Tribunal do Júri (composto por sete pessoas comuns) - e não por um juiz togado.
Para a acusação, embora nenhum dos quatro tenha participado diretamente do ataque na Raul Brasil, os assassinatos só aconteceram porque venderam ilegalmente arma e munições para os atiradores. "Os quatro presos auxiliaram os autores na concretização do crime", afirma o delegado Alexandre Dias, responsável pela investigação. "Sem eles, o ataque não teria ocorrido."
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