Os passeios de charretes com tração animal, uma das tradições de Aparecida (SP), cidade do Vale do Paraíba, está com os dias contados. O Ministério Público de São Paulo (MP-SP) entrou com ação contra a prefeitura, alegando que os cavalos usados pelos charreteiros sofrem maus-tratos. A administração municipal informou que vai pedir à Justiça um prazo para acabar com esse tipo de transporte.
Atualmente, 38 charretes com tração animal têm licença do município para realizar passeios turísticos com passageiros. O promotor público Laerte Fernando Levai, autor da ação, afirma que os animais são obrigados a puxar charretes com até seis pessoas e excesso de peso. Também afirma que os condutores usam chicotes para fustigar os animais.
Como exemplo dos maus-tratos, é citado o caso de um cavalo que desmaiou e caiu no asfalto devido ao esforço excessivo em um dia de calor. O promotor pede que as licenças sejam revogadas e que os cavalos debilitados, doentes ou idosos sejam colocados sob os cuidados de órgãos da prefeitura ou de organismos de defesa dos animais.
A prefeitura informou que vai estudar uma forma de manter os passeios turísticos com veículos sem tração animal. Conforme a Secretaria de Segurança Pública e Trânsito, será assinado um termo de ajustamento de conduta (TAC) com o MP para que o serviço de charretes com tração animal seja extinto até o fim deste ano.
A pasta vai se reunir com os charreteiros para discutir o novo modelo. Conforme a prefeitura, é preciso que as famílias que dependem dessa atividade tenham outra forma de renda.
O passeio de charrete é um tradição centenária em Aparecida. Os turistas utilizam esse meio de transporte para conhecer as atrações da cidade. Um dos principais destinos dos charreteiros é o Porto de Itaguaçu, no Rio Paraíba do Sul, construído no ponto exato onde a imagem de Nossa Senhora Aparecida foi encontrada em 1717. As charretes chegam até a beira do rio e os turistas aproveitam para fazer um passeio de barco. O entorno possui restaurantes, feirinha e lojas.
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