A Polícia Civil apreendeu na zona leste de São Paulo mais dois carros usados pelos criminosos que roubaram 720 quilos de ouro do terminal de cargas do Aeroporto de Cumbica, em Guarulhos, na Grande São Paulo, nesta quinta-feira, 25. A suspeita é de que, logo depois da fuga, os criminosos tenham dividido o material, que estava em uma caminhonete clonada com identificação da Polícia Federal, entre os outros dois veículos.
Os automóveis, uma caminhonete Nissan Frontier e outra Toyota Hilux, foram abandonados na Avenida São Miguel, quando os bandidos trocaram de carro novamente.
Os dois veículos usados nesse translado eram blindados, tinham placas falsas e estavam "envelopados" com um tecido na carroceria para disfarçar a pintura original. Nenhum deles havia sido roubado, mas a polícia suspeita de que tenham sido adquiridos com nomes e endereços falsos. Os donos ainda não foram identificados.
Os carros foram encontrados por volta das 20 horas, cerca de seis horas após o roubo no Aeroporto de Guarulhos. Eles estavam abandonados nos fundos de uma danceteria de forró na zona leste da capital.
Eram 31 malotes com ouro, com destino aos aeroportos JFK, em Nova York, nos Estados Unidos, e de Toronto, no Canadá. A informação inicial de que parte do material iria para Zurique, na Suíça, não foi confirmada pela polícia.
De acordo com informações da Polícia Rodoviária Federal (PRF), para executar o roubo do volume de ouro estimado em R$ 123 milhões, os ladrões sequestraram parentes de um funcionário da transportadora Brinks que teria informações privilegiadas sobre o funcionamento do local e o embarque da carga. O sequestro teria acontecido na noite de quarta-feira, 24, e se estendido até esta quinta. Isso teria facilitado a ação criminosa, que foi executada com agilidade no início da tarde, às 14h20.
Duas viaturas clonadas foram encontradas abandonadas na zona leste da capital, em um terreno na Rua Papiro do Egito.
A PRF estima em 720 quilos a quantidade de ouro levada do local. O Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), da Polícia Civil de São Paulo, é o responsável pela investigação.
A polícia acredita que ao menos oito pessoas tenham se envolvido diretamente no roubo. Os criminosos portavam fuzis, pistolas e carabinas. O transporte de ouro é considerado rotina da transportadora no aeroporto.
Imagens de câmeras de segurança mostram o momento em que uma das caminhonetes com identificação da Polícia Federal chega ao local onde o produto estava sendo manuseado. Descem do veículo cinco pessoas, sendo quatro homens com roupas pretas, encapuzados e portando armas e um que aparenta ser um funcionário do local.
Em pouco mais de dois minutos, os criminosos orientam outros funcionários a por o material na carroceria do veículo e para isso eles usam uma empilhadeira.
Seis funcionários com coletes refletivos são coagidos a auxiliar a quadrilha e não esboçam reação, seguindo as ordens dos criminosos. As imagens não mostram se alguma equipe de segurança acompanhava o trabalho na área que foi invadida. Os criminosos ainda encontram alguma dificuldade para encaixar o material no veículo, mas em pouco tempo manobram e saem pelo mesmo lugar de onde haviam vindo.
A GRU Airport, concessionária responsável pelo aeroporto, disse não ter poder de polícia para investigar, repreender, reagir ou prender criminosos. "Essas tarefas são de responsabilidade exclusiva das autoridades policiais que atuam no aeroporto, que contam com toda a estrutura de apoio oferecida por GRU Airport", informou em nota. A empresa acrescentou que a situação não prejudicou a operação de embarque e desembarque do aeroporto..