Asfixia mecânica causada por estrangulamento foi a causa da morte de quatro detentos que seguiam do Centro Regional de Altamira para Belém em um caminhão-cela, na madrugada de quarta-feira. Segundo o secretário de Segurança do Estado do Pará, Ualame Machado, o laudo pericial foi realizado pelo Centro de Perícias Científicas (CPC) "Renato Chaves" que atestou que o veículo usado para o transporte dos presos seguia todas as exigências feitas pelo Departamento Penitenciário Nacional (Depen), e estava com o sistema de ventilação em pleno funcionamento.
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Altamira vive explosão de assassinatos'Problemas acontecem', diz Bolsonaro sobre presos mortos em transferênciaAltamira: por causa do mau cheiro, famílias desistem de velar mortos do massacre26 dos 62 mortos em massacre no Pará eram presos provisóriosSegundo o secretário, pelo menos mil operações de transporte desse tipo, em carros semelhantes, foram realizadas só este ano no Pará, sem quaisquer ocorrências. Testes feitos pelo CPC confirmaram que o isolamento não permite escutar o que ocorre dentro do baú do caminhão, mesmo por quem está na boleia.
Ualame Machado relatou que os 30 presos, todos pertencentes à mesma facção criminosa que liderou o ataque em Altamira, seguiam em quatro celas com algemas plásticas, que os uniam de dois em dois. O Depen proíbe a presença de agente prisional dentro do baú junto com os detentos, por isso eles eram monitorados por um sistema de quatro câmeras, assistidas por quem estava na boleia. O fato se deu entre os municípios de Novo Repartimento e Marabá, em um trecho de estrada não asfaltado. Segundo o titular da Segup, essa condição pode ter provocado falhas na transmissão do sinal monitorado.
"Eles não morreram pela qualidade do transporte. Mas em algum momento se desentenderam, e a motivação está sendo investigada. Foi instaurado um inquérito policial em Marabá, e os 26 estão sendo ouvidos para esclarecer. Todos eles, por muito tempo, inclusive por meses, conviveram na mesma ala e até mesma cela", acrescentou Ualame Machado.
Luta corporal
O delegado-geral Alberto Teixeira confirmou que nove presos estão diretamente envolvidos nas quatro mortes, pois estavam com as algemas rompidas. Os demais podem responder por omissão relevante, pois tinham como ver o que ocorreu. Tanto os mortos quanto os suspeitos possuem marcas e arranhões, o que indica luta corporal, e por isso deverão ser feitos exames de DNA para confirmar quem cometeu os crimes.
Para Teixeira, não há dúvidas de que as mortes ocorreram dentro do baú, e que todos os presos estavam algemados corretamente.Os 26 detentos permanecem na Seccional de Marabá, passando pelos procedimentos de autuação. Em seguida, serão apresentados à Justiça e encaminhados a audiências de custódia. O local para onde serão enviados ainda não foi divulgado.
Treinamento
Neste sábado, (3/8), 486 novos agentes penitenciários concursados tomam posse, além deles, mais 485 outros concursados, em nível médio e superior — seguem em treinamento para integrar o quadro funcional da Susipe. Ontem (31/7) , 46 agentes da Força-Tarefa de Intervenção Penitenciária (FTIP) que atuarão no treinamento dos novos agentes prisionais da Superintendência do Sistema Penitenciário do Pará (Susipe) e na rotina com custodiados em todo o Estado desembarcaram em Belém.
"A partir da segunda-feira, dia 5, a paisagem interna de controle das nossas unidades muda. Até hoje, os agentes, por não serem concursados, não portam armas letais e não letais. Isso muda agora, e eles serão treinados pela FTIP e pelos PMs cedidos. Essas duas forças aqui comandarão o processo de transição e mudança de agentes contratados precariamente, sem concurso, treinamento e qualificação, para um outro patamar de preparo", destacou o secretário do Sistema Penitenciário do Pará,Jarbas Vasconcelos. A previsão é que os agentes federais fiquem no Pará por 30 dias, prazo que pode ser prorrogado.
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