O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, afirmou, na noite desta segunda-feira, 26, que "nunca se negou que há um aumento de desmatamento de 2012 até agora, com aceleração a partir de 2015" no Brasil. Entre outros problemas, ele relacionou este crescimento às dificuldades econômicas do governo federal e refutou a posição do Palácio do Planalto, anunciada pouco antes, de recusar US$ 20 milhões oferecidos pelo G7, o grupo de países mais ricos do mundo, para auxiliar no combate a incêndios na Amazônia. "No que eu li, os US$ 20 milhões viriam através da colocação de equipamentos, de aviões. Em sendo assim, me parece uma ajuda importante de ser aceita", disse o ministro durante entrevista a jornalistas no programa Roda Viva, na TV Cultura.
Informado que a decisão de negar a ajuda fora confirmada pelo ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, Salles emendou: "Onyx é ministro da Casa Civil, tem papel político e sou ministro do Meio Ambiente e tenho outra visão. Minha visão é técnica para agregar equipamentos".
Além dos problemas econômicos, Salles citou a "falta de respaldo" que o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), órgãos do governo federal, encontram nos governos estaduais, alguns recém-empossados e também com dificuldades orçamentárias. Com a fragilidade da fiscalização, Salles ligou as queimadas ao aumento do desmatamento. "Mais desmatamento, mais queimadas."
Sobre o chamado "Dia do fogo", ação supostamente organizada por agricultores do Pará, que iniciaram incêndios florestais em 10 de agosto para desafiar a fiscalização e ampliar áreas de cultivo, o ministro afirmou que o Ibama foi acionado, mas classificou a ação como caso de polícia.
Entre outras ações adotadas, Salles citou o decreto de Garantia da Lei e da Ordem (GLO), assinado pelo presidente Jair Bolsonaro na sexta-feira, 23, para garantir o uso da Força Nacional e do Exército no combate aos incêndios na Amazônia. Segundo ele, medidas mais rígidas, como a proibição do uso de fogo em qualquer hipótese na região durante o período de estiagem, estão sendo avaliadas. "Isso está na Casa Civil para ser avaliado juridicamente. Mas é uma possibilidade bastante concreta, queremos fazer e vamos ter uma resposta final amanhã (hoje, terça-feira, 27)."
O ministro considerou ser possível voltar a receber recursos do Fundo Amazônia, suspensos por Noruega e Alemanha após a interferência do governo brasileiro.