Segundo a Polícia Civil de Villa Joaniza, cidade do extremo Sul de São Paulo, um adolescente negro de 17 anos foi chicoteado e torturado após tentar furtar uma barra de chocolate nos supermercados Ricoy. Os seguranças do estabelecimento levaram o garoto para os fundos do supermercado, o deixaram nu e o agrediram com chibatadas.
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“Eu fui pegar um chocolate. Aí, eles me pegaram, me levaram para um quartinho e me deram uma pá de chicotada. Aí eles falaram que se eu falasse pra alguém iam me matar. Ainda me ameaçaram de morte. Muita maldade isso daí”, disse o jovem, que não registrou boletim de ocorrência no mês em que ocorreu o crime, em julho.
Ameaçado, o adolescente foi levado pelo segurança Santos e mais um segundo chamado Neto, até os fundos da loja e por cerca de 40 minutos foi torturado pelos dois. A vítima afirma que já conhecia os homens, que estão sendo procurados pela polícia para dar depoimento.
De acordo com o boletim de ocorrência: “A vítima foi despida, amordaçada, amarrada e passou a ser torturada com chicote de fios trançados. Ali, ela permaneceu por cerca de quarenta minutos, sendo agredido o tempo todo”.
Desde os 12 anos morando nas ruas, o adolescente já foi detido uma vez por invadir uma residência e cumpriu medida socioeducativa na Fundação Casa. Ele foi acompanhado pelo advogado Ariel de Castro Alves, conselheiro do Conselho Estadual dos Direitos Humanos (Condepe). O advogado disse que “estarei acompanhando as investigações e cobrando a punição dos responsáveis por esses atos bárbaros e cruéis de tortura”.
Em nota, o supermercado disse que repugna a atitude dos seguranças. “A empresa repugna esta atitude e foi com indignação que tomou conhecimento dos fatos por intermédio da reportagem. Que a empresa não coaduna com nenhum tipo de ilegalidade e colaborará com as autoridades competentes envolvidas na apuração do caso, a fim de tomar as providências cabíveis.”
O crime tomou conta dos assuntos mais comentados do Twitter, na tarde de terça-feira. E alguns políticos como Guilherme Boulos, David Miranda e Jandira Feghari postaram suas “indignações” sobre o caso.
* A estagiária está sob supervisão pela subeditora Ellen Cristie.