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Estado de Minas

Machismo é 'maldição espiritual', diz pastor; curso promete cura

Evento para 'resgate da masculinidade patriarcal', chamado Machonaria, acontece em novembro e ingressos custam até R$ 2.950


postado em 12/09/2019 16:39 / atualizado em 12/09/2019 17:39

(foto: Reprodução/Facebook)
(foto: Reprodução/Facebook)
Um evento chamado “Machonaria: Resgate da Masculinidade Patriarcal”, promovido por pastores, que acontecerá em um hotel em Goiás, em novembro, vai abordar pautas como o “resgate da hombridade” e o “resgate do sacerdócio masculino”.   

 

Com palestras dos pastores Rafael Barbalho, Jackson Aquino, Sebastião Donizeti, Paulo Oliveira  e Anderson Silva e do coaching Rafael Serradura, os ingressos  chegam custar R$ 2.950. A promessa do evento é de promover o homem em diversas áreas, fazendo ele “se perceber como rei, profeta e sacerdote.”


(foto: Reprodução/Facebook)
(foto: Reprodução/Facebook)
O pastor Anderson Silva, idealizador das palestras, é também líder da Igreja Vivo por Ti, em Brasília. Ele também promove um curso on-line chamado “Be a Man” e nele o pastor diz que “o machismo não é uma estrutura social, é uma maldição espiritual”, além de também prometer “como se tornar um homem bíblico”. Além de promover essas ideias, o pastor Anderson garante a cura do machismo.

De acordo com a videoaula disponibilizada na página do curso, o pastor refere o homem como “herói” e diz que o machismo interfere nesse processo, tornando assim o homem em um “vilão”. Ele ainda diz que vivemos em uma sociedade machista e a “crise de masculinidade” é que faz o homem conviver com atitudes que não deveriam acontecer. Em texto divulgado no site “o homem nasceu para resolver problemas, mas sem sua identidade reconhecida e revelada ele se torna o maior problema do mundo”.

Ideias como a “masculinidade de Deus” também são abordadas. Na página do curso, a pergunta feita é “por que Deus e Jesus se revelaram à humanidade como homens e não como uma mulher?”.

Além do seu projeto voltado à hombridade, o pastor é autor do livro “Jesus, sou gay e agora?”. Anderson afirma em suas redes sociais que o homossexualismo não é uma doença, portanto não precisa de cura, mas sim de arrependimento.

“Não há cura, há arrependimento! O grande equívoco da religiosidade é impor a morte do desejo homoafetivo para quem viveu esse pecado. O desejo não morre, ele é controlado pelo poder de nossa nova natureza em Jesus. O Espírito Santo é o novo condutor de nossa vida, o santo freio dos nossos impulsos.” declarou.

Além de dicas para os homens de como se portar na vida e na sociedade, o ‘Machonaria’ promove ideias de empreendedorismo e desenvolvimento financeiro do homem. Os temas  “como investir na bolsa?” e “como

empreender?” também estão na extensa lista de palestras.

 

O evento vai acontecer entre 14 e 17 de novembro, no Hotel Vila Velluti, localizado na BR-060, entre  Goiânia e Brasília.  

 

Sociedade patriarcal e violência de gênero


O patriarcado promovido por esses homens é um sistema social em que homens adultos mantêm o poder primário e predominam funções de liderança, como na política, autoridade moral, privilégio social e controle de propriedades. No domínio da família, o pai mantém a autoridade sobre as mulheres e crianças, segundo historiadores.

É importante lembrar que o Brasil é o quinto país com a maior taxa de feminicídio do mundo. Em 2019, as taxas de feminicídio aumentaram 4% no pais. Foram 1.206 casos registrados, sendo que em 61% deles as vítimas eram mulheres negras e 88,8% dos autores eram companheiros ou ex-companheiros. Em Minas, foram registradas 150 feminicídios em 2017 e 156 em 2018.

Além disso o Brasil contabilizou mais de 66 mil casos de violência sexual em 2018 o que corresponde a mais de 180 estupros por dia. Entre as vítimas 54% tinham até 13 anos.

Em relação às agressões domésticas, o Sinan (Sistema de Informação de Agravos de Notificação) apontou mais de 145 mil casos de violência em 2018. Estes dados levam em conta as mulheres que procuram ajuda em algum serviço de saúde. Além disso, dados publicados pelo Anuário de Segurança Pública, que tem como fonte os boletins de ocorrência, são 263 mil casos registrados em delegacias no último ano.

*Estagiária sob supervisão da editora-assistente Vera Schmitz


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