Depois de cinco dias de combate e de ter conseguido debelar os focos na tarde de sábado, 14, os bombeiros tiveram de voltar a campo no dia seguinte para combater um novo incêndio que atinge a reserva ecológica Caiman, em Miranda, no Pantanal de Mato Grosso do Sul. De acordo com o tenente Carlos Antônio Saldanha Costa, coordenador da equipe de combate, o fogo veio de uma fazenda vizinha e, devido ao forte vento, "pulou" o canal de 100 metros do Rio Aquidauana e atingiu rapidamente o mato da reserva.
No início da tarde, seis equipes de bombeiros, policiais ambientais, soldados do Exército e civis, entre funcionários da reserva e voluntários, davam combate ao novo foco, que avançava rapidamente pelo mato seco por causa da longa estiagem. A queimada se alastrou por uma linha rede de 35 quilômetros na borda da unidade, que é uma Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN).
A Caiman desenvolve projetos de conservação da fauna envolvendo a onça-pintada e a arara-azul, espécies ameaçadas. No total, a fazenda tem 52 mil hectares, dos quais cerca de 40 mil já foram queimados desde o dia 10, quando os incêndios se alastraram.
No interior da reserva, os pesquisadores monitoram as áreas atingidas pelo fogo para observação de 146 onças catalogadas e os ninhais das araras. A Caiman iniciou também um levantamento da fauna e da flora para mensurar o que foi destruído a desenvolver projetos de recuperação ambiental.
As onças e araras-azuis monitoradas escaparam das chamas, mas podem ficar sem alimentos. Outros animais, como tatus, cobras e tamanduás, foram encontrados calcinados. O gado e aves pantaneiras, como o tuiuiú, vagam pelos campos queimados em busca do alimento, que se tornou escasso.
O fogo atinge outras regiões do Pantanal Sul, onde nove municípios estão em situação de emergência devido às queimadas. O governador Reinaldo Azambuja (PSDB) pediu ajuda ao governo federal e já recebeu homens do Exército para o combate às chamas.