Brasília – Agentes da 2ª Delegacia de Polícia Civil, na Asa Norte, de Brasília, interrogaram, ontem, possíveis suspeitos do assassinato do padre polonês Kazimierz Wojno, de 71 anos, conhecido como Casemiro. Ele foi morto na noite de sábado, após celebrar missa na Paróquia Nossa Senhora da Saúde. Os investigadores trabalham com a hipótese de que o crime tenha sido de latrocínio — roubo seguido de morte. Além de decretar luto oficial de três dias, o governador Ibaneis Rocha (MDB), admitiu, em nota, a sensação de insegurança no Distrito Federal.
“Expõe (o assassinato do padre) uma dura realidade que precisamos enfrentar com determinação. Por mais preparada e equipada que esteja a polícia, por mais rigorosas que sejam as leis, a criminalidade violenta expõe sua face onde e quando menos esperamos”, destacou. A Polícia Civil acredita que quatro homens tenham participado do latrocínio. Segundo os investigadores, os criminosos abordaram o padre próximo à obra de reforma da casa paroquial.
De acordo com o delegado à frente do caso, Laércio Rossetto, os policiais conseguiram imagens de circuitos de segurança que mostram os suspeitos pulando o muro da obra. “O que eu posso afirmar é que de fato aconteceu um latrocínio. Conseguimos filmagens da rua, que estão sendo analisadas, e fazemos perícia no local do crime”, frisou. O caseiro encarregado de cuidar da construção, que também teria sido feito refém pelos agressores, gritou e pediu socorro. O corpo do padre foi encontrado nas proximidades da obra, com as mãos e pés amarrados, e um arame atado ao pescoço.
O delegado explicou que o assassinato ocorreu entre 18h40 e 21h40 de ontem. “O padre foi rendido e amarrado. Nossa suspeita é de que eles (os criminosos) já o aguardavam”, ressaltou o Rossetto. Alguns objetos foram deixados para trás no momento da fuga. Esses itens serão encaminhados para perícia.
Para o governador Ibaneis Rocha, casos como este mostram que a violência deixou de ser um problema localizado e se transformou em questão nacional. “Para enfrentá-la, estou convencido que precisamos promover uma verdadeira revolução, uma mobilização geral com engajamento de todas as forças de bem de nossa sociedade e da polícia. O combate à criminalidade deve ser encarado como prioridade, daí a necessidade de unirmos forças”, argumentou. “A sociedade precisa de paz. Não iremos tolerar que o cidadão ou cidadã se torne refém de criminosos dentro de sua própria casa”, completou.
Também em nota oficial, a Secretaria de Segurança Pública afirmou que “todos os esforços estão envidados pelas forças de segurança para identificar e prender o(s) autor(es) desse crime”. A pasta destacou, em nota oficial, que foi o primeiro latrocínio na região em dois anos.
Indignação Fiéis, que foram à paróquia Nossa Senhora da Saúde na manhã de ontem, se emocionaram, ao falar de padre Casemiro. A pedagoga Márcia Phillipi, de 56 anos, frequentou a paróquia por cerca de 20 anos antes de se mudar do local. Ontem, fez questão de passar pela igreja para lembrar-se de momentos que passou com o religioso. “Ele fez a primeira comunhão dos meus filhos. Depois fez o casamento do meu filho. O padre Casemiro representou essa formação espiritual da nossa família”, disse. Em nota, a Arquidiocese de Brasília lamentou a morte do padre e informou que acompanha o caso. De acordo com a entidade, o religioso tem 46 anos de sacerdócio.
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