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Estado de Minas

'Vou perder leitores, mas criticar Bolsonaro é compromisso histórico', diz Paulo Coelho

Segundo o escritor, o país vive em um momento totalmente polarizado. 'Um Brasil totalmente polarizado que está caminhando para o mesmo clima de terror da ditadura'


postado em 25/09/2019 16:42 / atualizado em 25/09/2019 18:22

(foto: Reprodução/Facebook)
(foto: Reprodução/Facebook)
O escritor Paulo Coelho afirmou em entrevista à BBC, nesta quarta-feira, que expor sua opinião sobre o governo do presidente Jair Bolsonaro é um “compromisso histórico”. “O compromisso histórico é não ficar calado. Eu tenho que falar. Vou perder leitores? Vou. Tenho perdido? Devo estar perdendo? Não sei. Eu não fico contabilizando”, declarou.

Segundo o escritor, o país vive em um momento totalmente polarizado. “Um Brasil totalmente polarizado que está caminhando para o mesmo clima de terror da ditadura”, disse. “Já vivi ditadura, democracia, muitas fases do Brasil, mas nunca vi o que está acontecendo agora. É um delírio. Necessitava (Howard Phillips) Lovecraft, um escritor de ficção científica, para descrever o Brasil. Fico muito triste com o que está acontecendo”, completou.

Paulo Coelho, que vive em Genebra, ainda revelou a reação dos estrangeiros ao falar sobre o Brasil. “As pessoas ficam muito constrangidas em perguntar sobre o Brasil. Elas não perguntam. Tenho que dar uma entrada para as pessoas perguntarem. Eles vêm e dizem: ‘Ah, pois é, você viu que ele ofendeu a primeira-dama francesa’. Aí eu tenho que falar alguma coisa. Mas eu procuro evitar a conversa ‘Brasil’, porque não posso no momento falar bem do meu país, e falar mal é muito chato”, disse.

Em meio a entrevista, Paulo Coelho não poupou elogios a Felipe Neto e Glenn Greenwald. Ele revelou que sentiu inveja do youtuber, após o mesmo ter distribuído livros com temáticas LGBT após a censura imposta pelo prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella. “Não só elogiei, senti uma certa inveja positiva”, comentou. “E eu resolvi me posicionar para que a pessoa seja defendida. Na época da repressão, digo no governo militar, quando as pessoas eram presas, elas eram agarradas na rua, sei lá, em qualquer lugar, e elas tinham que gritar o nome para que todo mundo soubesse que a pessoa estava sendo presa. Porque uma vez que as pessoas sabem, isso já é um escudo de proteção. A mesma coisa valia para o Felipe Neto. Não vamos deixar que as coisas sejam assim, não.” 

Ao falar sobre Glenn, Paulo Coelho o chamou de “ídolo”. "Esse cara é um ícone para mim. Ele está lá, está falando tudo aquilo e desmascarando uma coisa que você diz "Ah, vamos fazer isso porque está certo", declarou.

*A estagiária está sob supervisão da subeditora Ellen Cristie.  


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