O ex-presidente da Vale, Fabio Schvartsman, afastado do comando da mineradora em decorrência da tragédia de Brumadinho, chegou à companhia com a bandeira "Mariana nunca mais", mas fez esse um "lema de papel", disse o promotor e coordenador da força-tarefa sobre o caso de Brumadinho, Willian Garcia, em coletiva de imprensa nesta terça-feira, 21. Segundo ele, o executivo, que chegou à mineradora logo depois da queda da barragem da Samarco, uma joint venture da Vale com a BHP Billinton, e estava ciente dos riscos da atividade da empresa.
Garcia disse, ainda, que Schvartsman chegou ao comando da Vale com a intenção de fazer com que a mineradora se tornasse a líder no setor, mundialmente, em valor de mercado. Por conta dessa missão, de acordo com ele, o executivo deu incentivos à executivos de que problemas que pudessem atrapalhar esse objetivo fossem ocultados. "Ele canalizou esforços para atingir esse objetivo, assumindo riscos inaceitáveis", afirmou.
O promotor afirmou também que a Vale criou um ambiente hostil para o recebimento de denúncias. Ele citou, como exemplo, o email que foi recebido pelo ex-presidente da Vale, que de forma anônima avisou que estruturas da barragem estavam "no limite". Garcia comentou, ainda, que a Vale tentou identificar e retaliar esse "denunciante de boa fé", ao invés investigar a barragem citada na mensagem.
Garcia disse ainda que ao menos desde novembro de 2017 se sabia sobre os riscos sobre a barragem 1 de Brumadinho, que rompeu há um ano. Tais riscos dessa barragem foram objetivo de painéis de eventos com especialistas.
O promotor frisou que penas por homicídio duplamente qualificado podem ir de 12 a 30 anos de prisão.
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