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Estado de Minas

Igreja evangélica promete 'imunização' contra coronavírus e pode ser enquadrada por 'charlatanismo'

A celebração faz parte do culto chamado 'O Poder de Deus contra o Coronavírus'. A doença tem dois casos confirmados no Brasil e outros 433 casos suspeitos


postado em 02/03/2020 16:48 / atualizado em 02/03/2020 17:20

(foto: Reprodução/Facebook)
(foto: Reprodução/Facebook)
 O Ministério Público (MP) do Rio Grande do Sul classificou como passível de enquadramento em crime de “charlatanismo ou curandeirismo” a Igreja Catedral Global do Espírito Santo autoproclamada "Casa dos Milagres". A instituição estava prometendo uma “imunização” contra o coronavírus por meio de um “óleo consagrado”. A celebração faz parte do culto chamado "O Poder de Deus contra o Coronavírus". A doença tem dois casos confirmados no Brasil e outros 433 casos suspeitos no país.

No último domingo (01/03), o culto foi transmitido ao vivo nas redes sociais da igreja e conduzido pelo autoproclamado profeta Sílvio Ribeiro, responsável pelo local. A instituição pede que os fiéis vão à igreja “porque haverá unção com óleo consagrado no jejum para imunizar contra qualquer epidemia, vírus ou doença".

Durante o culto de quase três horas, Sílvio comentou diversas vezes sobre o Covid-19. Em uma dessas situações ele chegou até mesmo a debochar da situação. “Mas a unção com óleo vai curar coronavírus?”, questionou. Logo depois, o profeta respondeu que Deus pode curar tudo. 

Ribeiro também relacionou a doença a uma das profecias do apóstolo João, descrita no livro bíblico Apocalipse. Nessa hora, disse que era tempo de as pessoas pedirem perdão pelos pecados e procurarem uma igreja para serem salvas da doença. 
 

Denúncia


O presidente do Conselho Regional de Medicina do RS (Cremers), Eduardo Trindade, acionou a assessoria jurídica da entidade para avaliar o tipo de providência mais adequada diante do anúncio de imunização feito pela igreja.

De acordo com a promotora Angela Rotunno, coordenadora do Centro de Apoio de Defesa dos Direitos Humanos do MP do Rio Grande do Sul, “é comum o ser humano se sentir desesperado e desamparado, diante da doença e da possibilidade de morte”. 

"Essa fragilidade emocional afasta a racionalidade e traz, como consequência, a facilidade em acreditar em qualquer promessa de proteção ou cura. É o que está acontecendo no momento. Pessoas inescrupulosas tentam obter vantagem desse desalento", continuou a promotora.

Números

Segundo o boletim do Ministério da Saúde divulgado nesta segunda-feira, o Brasil registra 433 casos suspeitos da doença e duas confirmações. A primeira se refere a um homem de 61 anos, de São Paulo, que voltou de uma viagem à Itália e passa bem em quarentena domiciliar. O segundo tem 32 anos e também viajou da Itália para São Paulo.

*Estagiária sob supervisão da subeditora Jociane Morais 


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