O número de casos suspeitos de contaminação pelo novo coronavírus subiu para 488, segundo balanço do Ministério da Saúde, divulgado ontem. Na segunda-feira, a pasta anunciou que monitorava 433 casos suspeitos. Até agora, já foram descartados 240 casos. O país segue com dois casos confirmados de COVID-19: são dois pacientes residentes de São Paulo que retornaram de viagem da Itália, um dos maiores focos da contaminação. A maioria dos casos suspeitos está em São Paulo, com 130. Já o Rio Grande do Sul tem 82 e o Rio de Janeiro, 62. Minas Gerais contabiliza 58 casos suspeitos.
O Ministério vai incluir hoje novos países na lista de histórico de viagem dos brasileiros, entre eles os Estados Unidos. Agora, os brasileiros que voltarem do país e relatarem sintomas serão avaliados como possíveis casos suspeitos. Segundo o secretário-executivo da pasta, João Gabbardo dos Reis, os EUA já estavam na relação de países com transmissão interna, mas não no grupo de alerta para viajantes. “Com inclusão dos EUA, número de suspeitos tende a crescer muitas vezes”, disse Reis.
Segundo o secretário, aproximadamente 30 países estarão na lista. As pessoas que regressam desses países e apresentarem febre e mais um sintoma gripal, como tosse ou falta de ar, entrarão na contagem de casos suspeitos. Por causa da ampliação da lista, o Ministério afirma que o foco do monitoramento do COVID-19 no Brasil será na prevenção e assistência, e menos na divulgação de números.
O secretário-executivo do Ministério da Saúde ainda disse que a pasta não quer incentivar que todas as pessoas busquem atendimento se sentirem sintomas leves. “Mesmo que tenham vindo desses países, com sintomas leves ou assintomáticos, não devem buscar o posto de saúde. Gradativamente temos que desmobilizar esse movimento. Se fizermos isso, vamos encher nossas unidades de saúde com casos leves e assintomáticos”, disse Reis.
No caso de sintomas leves, o secretário afirmou que é melhor ligar para o Disque Saúde do Ministério, no número 136. “O critério é o mesmo de anteriormente. As pessoas, quando ficavam gripadas, iam todas ao posto de saúde? Não. Não precisamos impor que as pessoas com sintomas leves vão a uma unidade de saúde”, afirmou Reis.
O governo do Estado americano de Washington atualizou na tarde de ontem o número de mortos em decorrência do coronavírus: são nove vítimas fatais até o momento, de um total de 27 pessoas que testaram positivo para a doença. Todas as mortes ocorridas nos Estados Unidos foram registradas naquele estado.
Segundo o Departamento de Saúde de Washington, 231 pessoas estão sob supervisão do governo. “O número de pessoas sob supervisão inclui aqueles com risco de terem sido expostos ao coronavírus. Esse número inclui pessoas que retornaram da China nos últimos 14 dias”, explica o site do departamento.
*Estagiário sob supervisão da subeditora
Ellen Cristie
PLACAR PERIGOSO
Casos investigados por suspeita de contaminação
Amazonas 3
Pará 1
Rondônia 1
Alagoas 4
Bahia 21
Ceará 19
Maranhão 1
Paraíba 4
Pernambuco 4
Piauí 1
Rio Grande do Norte 2
Sergipe 1
Espírito Santo 5
Minas Gerais 58
Rio de Janeiro 62
São Paulo 130
Distrito Federal 12
Goiás 7
Mato Grosso do Sul 6
Mato Grosso 6
Paraná 14
Santa Catarina 43
Rio Grande do Sul 82
Fonte: Plataforma Integrada de Vigilância em Saúde/Ministério da Saúde
Remédio chinês pode desembarcar
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) liberou ontem a importação de imunoglobulina comprada pelo Ministério da Saúde para ser distribuída à rede pública. A expectativa de secretários estaduais era de que o medicamento terminasse em cerca de 30 dias. A droga é usada para imunizar pacientes de diversas doenças e, na leitura do Ministério da Saúde, poderá servir para casos mais graves do novo coronavírus.
Cerca de 45 mil frascos do produto estão guardados em aeroporto no Brasil à espera de aval da Anvisa para serem distribuídos. Trata-se de parte de um contrato de R$ 209 milhões, fechado pelo governo em dezembro de 2019 com empresa da China para entrega de 300 mil frascos. O resto do produto deve ser embarcado em breve.
O governo também fechou em dezembro contrato de R$ 70 milhões para entrega de 100 mil frascos de empresa da Coreia do Sul. A liberação dessa carga ainda terá de passar pela Anvisa. Segundo especialistas da indústria e do governo, o consumo médio mensal no SUS de imunoglobulina é de 40 mil frascos.
O aval para a importação foi dado em reunião sigilosa da diretoria colegiada da Anvisa. Representantes da empresa chinesa e do Ministério da Saúde foram impedidos de acompanhar a discussão.
Metodologia nova a partir do número 100
Brasília – O Ministério da Saúde espera alterar os métodos para teste do novo coronavírus a partir do momento em que 100 casos forem confirmados no Brasil. Quando atingir esse número, nem todos os quadros suspeitos serão testados, como ocorre atualmente. Por sua vez, nessa etapa, os esforços estarão voltados aos casos graves, de pessoas com síndromes respiratórias agudas e pneumonia extensa, por exemplo. Além disso, serão testados aqueles casos que tiverem interesse epidemiológico, para que o governo possa monitorar a circulação do vírus e analisar mutações. Os demais quadros serão verificados através de análise clínica.
Atualmente, apenas dois casos estão confirmados no país, diante de 488 quadros suspeitos. "No número 100 não é um número mágico, mas a partir do 100 não vamos mais fazer teste para todo mundo", explicou o secretário-executivo do Ministério da Saúde, João Gabbardo dos Reis. Por enquanto, o Ministério da Saúde continuará com o método atual, no qual são testados todos os casos suspeitos que, por exemplo, vêm de países da lista de alerta e apresentam conjunto febre e mais algum sintoma.
Gabbardo disse ainda que o governo vai "radicalizar" a política para estender os horários de atendimento das Unidades Básicas de Saúde, incluindo a injeção de novos recursos. A definição da medida, no entanto, ainda precisa ser fechada e anunciada oficialmente pelo ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, pontuou o secretário.
Transmissão
O secretário de Vigilância em Saúde do ministério, Wanderson de Oliveira, afirmou também que, apesar de haver possibilidade, o Brasil ainda não verificou a existência de circulação e transmissão do vírus internamente. "Vamos organizando o pensamento sem fazer nenhuma afirmação precipitada. Possibilidade existe, sim, mas não temos no Brasil circulação do vírus, transmissão local, não temos", disse.