Os primeiros brasileiros que estavam retidos na África do Sul desembarcaram nesta quarta-feira, por volta de 16h, no Aeroporto de Cumbica, em São Paulo, num voo da Latam. Por causa da pandemia de coronavírus, o país africano decretou lock down, com proibição de deslocamentos internos e fechamento do espaço aéreo.
Apesar do alívio da maioria com a volta para casa, algumas famílias que estavam na África do Sul se separaram. A psicóloga mineira Luciana Gaudio conseguiu retornar ao Brasil com o marido, Ailton Frontzek, mas viu a sobrinha Viviane ficar para trás, mesmo com o nome confirmado no voo da Latam.
“Ela não pôde vir com a gente. Disseram que ela não estava relacionada. Mas como? Estávamos juntas. Marcamos a passagem juntas para o mesmo voo. Mas não a deixaram embarcar. O pior é que estamos preocupados, eu e meu marido, pois ela estava meio deprimida. Até para se alimentar era difícil. A gente tinha, quase, que obrigá-la. E como será agora, que está sozinha. Uns amigos ficaram de ajudar, mas estou preocupada. Fico ligando o tempo todo”, contou Luciana ao Estado de Minas.
“Teve uma senhora, uma idosa, que embarcou de volta, mas o neto dela ficou para trás. Ela veio chorando, de lá até o Brasil. A gente quase não dormiu. Ficava tentando consolá-la”, acrescentou.
O casal formado por Ricardo Silva e Camila, de Mato Grosso, ficou retido na África do Sul, mesmo estando na lista do voo da Latam que deixou Johanesburgo na manhã desta quarta-feira.
“Passamos momentos horríveis. Estava tudo certo. Pegaram-nos no hotel, às 20h, como tinha sido combinado. Mas quando chegamos lá, não estávamos mais no voo. Não foi só com a gente. Teve gente que chegou e nem pôde descer do ônibus. Um absurdo”, conta.
Ricardo e a companheira conseguiram uma vaga em um hotel e contam com a ajuda da Embaixada do Brasil para retornar ao país. “Temos de confiar nela e no embaixador Nedilson Jorge. É nossa única chance um voo charter já que o espaço aéreo da África do Sul está fechado.”
Itamaraty
Na tarde dessa quarta-feira, o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, disse que há 5.800 brasileiros aguardando repatriação.
“Já repatriamos 10 mil brasileiros. Os cálculos é que temos ainda 5.800 para trazer. Nos locais, onde não existem voos regulares mais, por fechamento de espaços aéreos, utilizaremos voos charter que o governo brasileiro está providenciando”, disse.
No caso da África do Sul, segundo ele, é uma situação à parte, pois existem brasileiros em dois pontos: Johanesburgo e Cidade do Cabo. “Nesse caso, a solução fica com a embaixada local.”