O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, afirmou nesta terça-feira (14) que não está tentando forçar uma demissão com suas últimas declarações. Integrantes do Palácio do Planato teriam se mostrado insatisfeitos com "indiretas" do ministro quanto à postura do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Questionado na coletiva de imprensa do governo federal sobre isso, Mandetta disse que o Ministério da Saúde está passando por stress, mas está focado no trabalho e sabe a responsabilidade de enfrentar uma “coisa enorme” e “dramática”: a pandemia de coronavírus. “Foco, disciplina e ciência. Nosso inimigo é o corona”, disse o ministro em outro momento da entrevista.
Durante a coletiva de imprensa, Mandetta detalhou uma portaria publicada nesta terça-feira que estabelece a notificação compulsória de ocupação de leitos por parte dos estados. Segundo o ministro, as informações da ocupação do sistema de saúde serão registradas diariamente e os estados são obrigados a repassá-las. “É uma informação fundamental para tomada de decisão. Temos duas variáveis: a transmissibilidade da doença e a nossa capacidade de atender”, explicou.
Mandetta afirmou que a velocidade com que o país vai passar pela crise pode ser um problema, considerando o quadro de desabastecimento de equipamentos. “Se tivéssemos uma situação ideal, a quantidade total de equipamentos, poderíamos estar muito mais tranquilos com relação à nossa caminhada”. O ministro argumentou que se países de Primeiro Mundo, como Estados Unidos e Itália, estão sofrendo, o sistema de saúde brasileiro deve ser “zeloso”.
O ministro também anunciou convocação para o teste RT-PCR, que é utilizado para o diagnóstico rápido da COVID-19, logo no início dos sintomas. Mandetta afirmou que a meta inicial é fazer 3 milhões de testes, que é a capacidade atual, a um ritmo de 30 mil por dia. “É uma coisa muito difícil, talvez o projeto mais complexo que o ministério teve que desenhar. Porque parte de parcerias público privadas, comodato de máquinas, estratégia nacional de coletar o exame”, argumentou.
Mandetta citou que o governo federal já distribuiu 60,8 milhões de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) para todos os estados, 6,5 milhões a mais do que a última sexta-feira. O ministro disse que espera que os próprios estados possam comprar os equipamentos e que a União não tem interesse em centralizar as compras. Um dos desafios é a escassez desses equipamentos – que vêm principalmente da China, foco inicial da pandemia.
Além disso, Mandetta comentou as políticas para os indígenas durante a crise. O governo decidiu antecipar a vacinação contra a gripe comum para esse grupo. O ministro informou a contratação de equipes de resposta rápida para, no caso de emergência, entrarem nas aldeias e atender essas pessoas.
Outro anúncio do ministro da Saúde nesta terça-feira foi sobre o início de um estudo de “inquérito epidemiológico”, feito pela Universidade Federal de Pelotas (RS), para verificar a “velocidade com que estamos adquirindo anticorpo à doença”. Segundo o ministro, a pesquisa começa nesta quinta-feira (16) e vai até 14 de maio.