Mesmo com problemas diários dos pacientes nos postos de saúde e hospitais públicos brasileiros, o ministro da saúde, Luiz Henrique Mandetta, defendeu com veemência o Sistema Único de Saúde (SUS), em sua entrevista coletiva sobre a pandemia do coronavírus, nesta terça-feira, no Palácio do Planalto.
Mandetta ressaltou a “desassistência” a pacientes no país antes da criação do SUS – problema que, notadamente, ainda persiste – e disse que o sistema deve ser valorizado pela sociedade.
“O nosso sistema de saúde está se organizando. O Brasil tem uma proposta. Essa questão de morrer em desassistência no Brasil, antes do SUS existia muito. O SUS é uma construção nossa, da sociedade. É muito bom que a sociedade brasileira veja de perto o trabalho desse sistema até para valorizar muito o fato de ter esse sistema”, afirmou Mandetta.
O SUS foi criado em 1988, a partir da promulgação da Constituição Federal. Apesar de sua abrangência, presente em todos os municípios do país e do atendimento que vai desde serviços básicos como aferição de pressão arterial, até intervenções complexas, como transplantes de órgãos, o sistema convive com graves problemas.
Apesar dos elogios de Mandetta, a realidade para os usuários é bem diferente na ponta do sistema. São notórias e conhecidas as mazelas da Saúde brasileira, como falta de médicos e de remédios e a má distribuição do quadro de profissionais em diferentes cidades, que obriga pacientes de cidades pequenas a deslocamentos – com o agravante da saúde fragilizada – para locais com mais estrutura.
Além disso, pacientes do SUS, constantemente são submetidos a longas esperas e extrema burocracia para realização de exames e marcação de consultas. No atendimento emergencial, convivem cotidianamente com a escassez de leitos, de recursos financeiros e de mão de obra qualificada.
Além disso, pacientes do SUS, constantemente são submetidos a longas esperas e extrema burocracia para realização de exames e marcação de consultas. No atendimento emergencial, convivem cotidianamente com a escassez de leitos, de recursos financeiros e de mão de obra qualificada.
Pontos positivos
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Dificuldades da COVID-19
O ministro da Saúde destacou as dificuldades de lidar com a pandemia da COVID-19, doença que, ao evoluir, apresenta “média-alta complexidade”. De acordo com Mandetta, a ampliação das estruturas para tratamento dos pacientes com coronavírus demanda maiores cuidados.
“A última vez que existiu quarentena no país foi em 1917, na gripe espanhola. Hospitais de campanha que têm respirador, sala de parada, são totalmente diferentes das tendas de campanha e hospitais para dengue, que basicamente têm hidratação. Estamos falando de uma doença que, quando complica, é de média-alta complexidade. É um desafio enorme”, declarou.
Mandetta também cobrou uma maior valorização do SUS não só pela sociedade, mas também pelas autoridades, na discussão do orçamento público. Também destacou a larga abrangência do sistema.
“Esse sistema precisa ser muito contemplado, quando forem discutir obras públicas, orçamento público. O sistema é sim muito importante para o equilíbrio de toda a população brasileira. É o único que está presente em todos os municípios brasileiros, que tem controle social amparando as suas decisões, tem fundo nacional, estadual, municipal, tem capilaridade, sustentabilidade. Esse sistema vai dar respostas, está dando respostas”, disse.