Em um vídeo direcionado a médicos da área de oncologia, o novo ministro da Saúde, Nelson Teich, falou sobre a realidade do Sistema Único de Saúde (SUS) brasileiro, em que médicos e administradores têm que lidar diariamente com a gestão de recursos escassos e fazer escolhas, muitas vezes árduas. Escolhas como entre a vida de um paciente jovem ou a de um idoso, como no exemplo citado por Teich.
“Como você tem dinheiro limitado, você vai ter que fazer escolhas. Vai ter que definir onde você vai investir. Eu tenho uma pessoa mais idosa que tem uma doença crônica avançada e ela teve uma complicação. Para ela melhorar eu vou gastar praticamente o mesmo dinheiro que eu vou gastar em um adolescente que está com problema. O mesmo dinheiro que eu vou investir. É igual. Só que essa pessoa é um adolescente, que vai ter a vida inteira pela frente e outra é uma pessoa idosa, que pode estar no final da vida. Qual vai ser a escolha?”, disse o ministro em um vídeo postado em 17 de abril de 2019 canal do Grupo Oncologia Brasil, empresa de educação médica independente com foco em tratamento de câncer.
A falta de recursos financeiros e de infraestrutura é um dos problemas crônicos do SUS. Segundo Nelson Teich, o investimento do governo dos Estados Unidos em 2019 foi de 11.500 dólares por pessoa, contra 500 dólares per capita no Brasil. Portanto, o novo ministro defende um prévio mapeamento das necessidades da população, para se aplicar o dinheiro da melhor forma.
“Duas coisas são importantíssimas na saúde hoje. O dinheiro é limitado e você tem que trabalhar com essa realidade. A segunda coisa: escolhas são inevitáveis. Quais vão ser as escolhas que você vai fazer?”, disse.
No vídeo, Teich prega a necessidade de o sistema público de Saúde prover uma “oncologia sustentável, acessível e justa”. Para o novo ministro, também deve haver máxima eficiência na administração dos recursos da saúde, tanto com relação ao dinheiro, quanto no uso de equipamentos.
Complexidade do sistema de saúde
Segundo Nelson Teich, o sistema brasileiro de saúde pública é complexo e não deve ser tratado com superficialidade. Ele também condena a adoção de “soluções milagrosas” e maquiagem de problemas.
Ele completa dizendo que não se deve confundir superficialidade com objetividade, nem se deve aplicar o que chamou de “complexidade inútil”, que cria burocracias e não resolve problemas.
“Temos que tomar cuidado. Geralmente as pessoas estão sempre sobrecarregadas, fazem tudo correndo e de maneira superficial. Temos que ser objetivos, mas não perdendo a complexidade que o sistema demanda. Deve haver cuidado para não confundir o que é objetividade e o que é superficialidade. Ao mesmo tempo, você não pode trabalhar aquilo que é a complexidade inútil. Aquele monte de coisas, de informação, de trabalho, de redundância, que, na prática, não serve para nada”, explica Teich.