À beira do desespero, numa corrida contra o tempo para conseguir voltar ao Brasil. Essa é a sensação do casal Eduardo Pereira de Almeida, de 55 anos, engenheiro, e Simone Faleiros de Melo, de 44, advogada, que estão retidos, em Windhoek, na Namibia, onde estavam em férias.
Desde o final de março, com o fechamento dos espaços aéreos da Namíbia e da África do Sul, para onde teriam que regressar para pegar um voo com destino ao Brasil, o casal tenta encontrar uma forma de voltar para casa. Eduardo e Simone contam que já conversaram com o embaixador brasileiro naquele país, José Augusto Silveira de Andrade Filho e, todos os dias tentam um novo contato. Os dois também dizem terem pedido ajuda ao Itamaraty, mas até agora nada foi feito.
No momento, Eduardo vive uma corrida contra o tempo, pois um voo fretado pelo governo brasileiro sairá de Moçambique, passará por Angola e retornará ao Brasil. “Nossa única chance é conseguir uma autorização, um salvo-conduto dos governos da Namíbia e Angola, para sairmos, hoje, de Windhoek, indo para Luanda. No entanto, são dois mil quilômetros de distância, ou seja, pelo menos três dias de viagem. No desespero, dois. Mas temos de ter essa autorização ainda hoje”, explica.
Eduardo conseguiu conversar, na manhã desta sexta-feira, com uma funcionária da embaixada brasileira na Namíbia, que informou ser necessário aguardar um posicionamento oficial do consulado a respeito da situação deles. O casal reclama de descaso e falta de apoio do órgão em relação à liberação da viagem que pode dá-los a chance de voltar para casa.
Férias frustradas
O objetivo de Eduardo e Simone era conhecer os parques naturais da Namíbia e depois em Botsuana e viver um contato com a fauna exótica africana. Quando estavam na primeira parte da viagem, no Etosha National Park, na Namíbia, foram surpreendidos pela quarentena e aconselhados a voltar para a capital daquele país, Windhoek. Lá chegando, tiveram de alugar um apartamento e comprar comida.
O sofrimento para tentar voltar ao Brasil começou desde então pois, para retornar ao Brasil, dependem de um voo da Namíbia para Johanesburgo, na África do Sul, mas os dois países estão com seus espaços aéreos fechados.
Além disso, Eduardo é hipertenso e toma medicamento controlado, que depende de receita médica para a venda. Segundo ele, o remédio que tem só vai durar até 4 de maio, mas que depois disso, se tiver de permanecer na Namíbia, terá de fazer uma consulta. “Terei de ir a uma clínica, aqui, e pagar, para poder ter a receita e comprar o remédio.” O governo da Namíbia estendeu a quarentena, que acabaria no próximo final de semana, até 4 de maio.