Com 928 mortes confirmadas, o governo de São Paulo prorrogou a quarentena no Estado para retardar a propagação do novo coronavírus, que venceria na próxima quarta-feira. Agora, a medida vale até o dia 10 de maio. A quarentena está em vigor no Estado desde o dia 24 de março e já havia sido ampliada uma vez. Na contramão, porém, prefeitos de pelo menos seis cidades já relaxam restrições no interior e no litoral. Outras, apesar de estudarem flexibilização, recuaram.
O decreto estadual prevê o fechamento do comércio e serviços não essenciais, o que inclui bares, restaurantes e cafés, que só podem funcionar com delivery. Já os serviços considerados essenciais, como farmácias e supermercados, podem abrir as portas. Havia a discussão se a ampliação valeria em todo os 645 municípios, uma vez que dirigentes vêm recebendo pressões de prefeitos do interior. Mas o governador João Doria (PSDB) determinou que a medida vale para todas as cidades. "Não temos nenhum prazer em ampliar o período da quarentena, mas temos de respeitar a ciência. E esse período vai passar e depois vamos agir para recuperar a economia.'
O infectologista David Uip, coordenador do Centro de Contingência da Covid-19, afirmou que a decisão de prolongar a quarentena foi unânime. "Esta manutenção é absolutamente fundamental tanto do ponto de vista da área metropolitana de São Paulo, como da Baixada e do interior", afirmou.
Na contramão
Ontem a prefeitura do Guarujá publicou decreto autorizando o comércio a reabrir a partir de terça, apenas com a adoção de cuidados sanitários. As praias vão continuar fechadas. O controle de acesso à cidade com barreiras sanitárias foi mantido.
Ainda no litoral, a prefeitura de Praia Grande estuda um sistema de rodízio de pessoas para liberar o comércio. De acordo com o prefeito Alberto Mourão (PSDB) a ideia seria adotar um sistema semelhante ao rodízio de veículos na capital, permitindo a entrada de grupos de pessoas no comércio conforme o número final da cédula de identidade.
No interior, a prefeitura de Indaiatuba publicou decreto flexibilizando o funcionamento do comércio. Nesta sexta, porém, Nilson Gaspar (MDB) já recebeu ofício assinado pelo secretário estadual de Desenvolvimento Regional, Marco Vignoli, recomendando a revisão da medida. São José do Rio Preto também iniciou a flexibilização gradual do comércio anteontem, mas foi exigido o uso de máscara no interior dos estabelecimentos.
A quarentena foi suspensa também em Mirandópolis, mas o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) determinou que fosse retomada. Conforme decisão do desembargador Claudio Godoy, medidas que flexibilizam a quarentena não podem ser tomadas isoladamente pelo município.
Já a prefeitura de Sertãozinho permitiu a reabertura de parte do comércio para atendimento com hora marcada e o comércio geral foi liberado no sistema drive-thru. Em Jales, o decreto que reabre o comércio determina que as filas não podem ter mais que dez pessoas. As lojas de Piraju, por sua vez, vão adotar drive-thru..
Mais isolamento
Em contrapartida, em São Sebastião, a prefeitura reforçou o isolamento com bloqueios sanitários nos limites com Caraguatatuba e Bertioga. Já a prefeitura de Ribeirão Preto suspendeu o passe gratuito para idosos em ônibus e tornou obrigatório o uso de máscaras. Quem desrespeitar será multado em R$ 270. Em Pirassununga, a prefeitura revogou um decreto editado anteontem que permitia a reabertura do comércio. Conchal e Pirajuí também haviam liberado o comércio para funcionar, mas recuaram.
De acordo com o governo do Estado, a taxa de isolamento voltou a cair e ficou em 49% nesta quinta-feira - o ideal é 70%. Ontem, a reportagem flagrou uma "feira do rolo" na Praça da Sé, com pessoas aglomeradas, comprando e vendendo. A Prefeitura informou que faz abordagens no local.