Países terão de conviver por até dois anos com a retomada de ações de isolamento social, para evitar uma explosão de casos de COVID-19. Esse é o prazo médio estimado para que ocorra uma imunização em grande escala da população. A opinião é do médico e vice-diretor da Organização Pan Americana da Saúde (Opas), Jarbas Barbosa, convidado desta terça-feira, 28, da série Estadão Live Talks. A Opas é ó braço da Organização Mundial da Saúde (OMS) nas Américas.
"Os mais otimistas falam em desenvolver uma vacina até o final do ano. Mas até vacinar, estamos falando de dois anos em que vamos ter períodos de relaxamento maior, monitoramento, e, se necessário, voltar atrás. Para evitar explosão de casos, como já ocorreu", disse Barbosa.
O médico afirmou que é difícil apontar uma data para flexibilizar medidas de distanciamento social no Brasil. O importante, disse, é ter certeza de que a transmissão do vírus está diminuindo "de maneira consistente" e que há leitos suficientes para atender a população antes desta decisão.
"Máscaras caseiras podem ajudar, mas não são uma solução mágica. Não podem substituir outras medidas que estão sendo recomendadas", declarou.
Politização
Questionado sobre preocupações da Opas em relação ao Brasil, Barbosa disse que a organização não trata de casos específicos de países, mas afirmou que "recomendações não mudam ao sabor da política".
Segundo o médico, todas as evidências apontam prejuízos em relaxar o distanciamento social em locais de aumento da transmissão do vírus, como o Brasil. "Até agora, foi a receita do fracasso. Levou a UTIs superlotadas, a pessoas perderem a vida", disse.
Barbosa afirmou ainda que é importante ter boa coordenação entre autoridades de saúde e transmitir informações claras à população sobre o distanciamento social. "Adesão das pessoas a medidas drásticas, com de distanciamento social, só ocorre se houver informação clara sobre o que está acontecendo, objetiva, sobre quais são os riscos, e que haja compensações financeira e social."
Teste rápido
O vice-diretor da Opas afirmou que testes rápidos são contraindicados para diagnóstico em massa da população.
O produto, segundo o médico, serve como ferramenta de auxílio em pesquisas sobre porcentual de exposição de determinado lugar ao vírus.
"Teste rápido para fazer diagnóstico é absolutamente contraindicado. É sim recomendado para, depois, procurar na população quem já tem anticorpo contra o vírus. Para fazer estudo, sim, é válido", disse.