Moradores da favela de Paraisópolis, na zona sul de São Paulo, realizaram uma manifestação nesta segunda-feira, 18, pedindo apoio do governo estadual às comunidades em um possível "lockdown", medida que obriga a população a permanecer em casa para combater a pandemia do novo coronavírus. Organizados pelo grupo G10 das Favelas, cerca de 500 moradores, de acordo com os líderes do ato, caminharam de Paraisópolis até as proximidades do Palácio dos Bandeirantes, sede do governo estadual.
Os manifestantes não conseguiram se aproximar do centro do poder paulistano. Um bloqueio da Tropa de Choque da Polícia Militar, com várias viaturas da PM, foi montado a uma distância de 100 metros da entrada principal. A maioria protestou batendo panelas. Alguns manifestantes ficaram sentados no chão, de forma pacífica.
Utilizando máscaras para proteção e protetores para o rosto ("face shield") os manifestantes saíram de Paraisópolis por volta das 8h30, caminhando em fila, mantendo o distanciamento de um a dois metros. "São 60 dias da pandemia no Estado de São Paulo e até hoje não se criou nenhuma política pública para as comunidades", disse a presidente da Associação das Mulheres de Paraisópolis, Elizandra Cerqueira. "Estamos cobrando do governo políticas públicas para o enfrentamento do covid nas favelas", completou.
O movimento afirma que um endurecimento de medidas de combate a pandemia, como o "lockdown", pode prejudicar ainda mais pessoas em situação de vulnerabilidade. Segundo os organizadores, "as comunidades enfrentam problemas como falta de água, testes, serviço de ambulâncias, alimentação e higiene". As comunidades estão promovendo mutirões de distribuição de cestas básicas, confecção de máscaras por artesãs locais e uso de escolas para isolamento de pessoas com sintomas leves de covid-19.
No começo da pandemia, a comunidade de Paraisópolis contratou ambulâncias, médicos e enfermeiros. Além disso, foram escolhidos 420 "presidentes de rua", voluntários que são responsáveis por zelar por trechos de vias predefinidos, cada uma com cerca de 50 casas.
Os "presidentes" monitoram se algum morador de sua região tem sintomas da covid-19 ou se precisa de atendimento médico. Outra tarefa é identificar as famílias com necessidades financeiras. Após serem identificadas, essas famílias passam a receber marmitas diárias feitas por mulheres da comunidade. São distribuídas mais de mil marmitas por dia.
A reportagem solicitou um posicionamento do governo estadual sobre as reclamações dos moradores de Paraisópolis e aguarda uma resposta.
GERAL