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Estado de Minas CORONAVÍRUS

"Tive COVID-19 e foi muito ruim me sentir como paciente"

A infectologista Helena Brígido, vice-presidente da Sociedade Paraense de infectologia e Mestre em Medicina Tropical, contou ao Estado de Minas o drama de ter enfrentado a doença internada e as dificuldades enfrentadas de um estado que tem crescimento exponencial de contaminados e mortos


postado em 19/05/2020 04:00 / atualizado em 19/05/2020 08:00

Helena Brígido conta que entre as dificuldades que o Pará enfrenta para conter a pandemia está a falta de estrutura dos serviços públicos de saúde(foto: Arquivo pessoal)
Helena Brígido conta que entre as dificuldades que o Pará enfrenta para conter a pandemia está a falta de estrutura dos serviços públicos de saúde (foto: Arquivo pessoal)

 

Desde o último dia 10, a capital do Pará, Belém, e mais nove cidades do seu entorno entraram em lockdown, o regime mais rigoroso de isolamento social. A medida foi implantada pelo governo do estado em razão do aumento exponencial dos casos de COVID-19.

 

Apesar do sistema rígido, o índice de isolamento social no Pará ainda está abaixo de 70%, porcentagem recomendada pela Organização Mundial da Saúde. No sábado, mais de 55% dos moradores de Belém não saíram de casa, sendo o maior número nos últimos setes dias.

 

Entretanto, uma parte da população da capital não respeita a quarentena. Nos primeiros sete dias de lockdown, mais de 2 mil pessoas foram multadas por estarem circulando em vias públicas sem necessidade comprovada. Os Bairros Marco, Pedreira e Guamá concentram a maior quantidade de casos de infecção pelo vírus de Belém. Dos 5.743 registros da capital, os três bairros somam 970 infectados, segundo dados da Secretaria de Saúde Pública (Sespa).

 

Somente no sábado, 29 novas mortes pelo vírus foram identificadas em Belém. Neste contexto, no último fim de semana, o cemitério Santa Izabel, no Bairro Guamá, foi desinfetado com hipoclorito de sódio (substância que neutraliza a ação contaminante do vírus). Dessa forma, a área externa, onde a população tem acesso, e a parte administrativa foram higienizadas.

 

Para tentar conter as mortes, o Ministério da Saúde enviou cerca de 50 respiradores ao Pará, sendo 39 deles destinados à Belém. Segundo a pasta, os aparelhos foram enviados para a ampliação do número de leitos nos hospitais de campanha, unidades que cuidam temporariamente dos infectados por COVID-19 antes que possam ser transportadas com segurança para instalações mais permanentes.

 

O Estado de Minas  ouviu a infectologista Helena Brígido, vice-presidente da Sociedade Paraense de infectologia e Mestre em Medicina Tropical, para entender um pouco mais sobre a situação de Belém do Pará. Enquanto trabalhava no hospital, ela contraiu o novo coronavírus e precisou ficar internada. Veja os principais trechos da entrevista.

 

As dificuldades

“A situação do Pará foi agravada pela dificuldade de quantidade de serviços de saúde no atendimento à pandemia desde o início. Os hospitais de campanha, a ampliação de serviços de saúde em unidades de urgência e emergência ou básicas, ocorreu em um momento de grande crescimento do número de casos. Também houve uma dificuldade da população no uso espontâneo de máscaras em estabelecimentos comerciais e o distanciamento social. Aliado a isso, não há quantitativo de leitos suficientemente para o número de habitantes do estado que potencialmente poderiam ficar doentes. Houve demora nas medidas mais severas de distanciamento social com uma adesão satisfatória, além de obrigatoriedade do uso de máscaras em qualquer ambiente dos municípios do Estado do Pará. “

 

Lockdown em Belém 

“O último levantamento foi há dois dias mostrando que houve uma aceitabilidade de menos de 60%, o que é bastante preocupante, ainda que esteja ocorrendo a fiscalização por órgãos públicos. Uma das dificuldades é o acesso da população ao atendimento em unidades públicas e privadas, ocasionada, muitas vezes, por um número reduzido de profissionais de saúde diante de afastamento por idade ou comorbidades, e de terem sido acometidos por COVID-19 e necessitarem, para precaução de todos e os cuidados, ficarem afastados por, no mínimo, 14 dias. O quantitativo de profissionais acometidos pelo novo coronavírus é de 42% de todos os infectados. Desde o início da pandemia, 28 médicos já faleceram por causa da doença. O atraso no atendimento da população ocasiona uma busca em um período já moderado, ou grave e crítico da doença. Momento em que há, além de escassez de leitos, maior dificuldade no tratamento direcionado para a cura.”

 

'Adoeci'

“Contraí o vírus na linha de frente no atendimento de pessoas suspeitas ou confirmadas da infecção pelo novo coronavírus. Tive COVID-19 e foi muito ruim me sentir como paciente. Como a doença é metabólica sistêmica, não necessariamente precisa haver falta de ar para a baixa na saturação de oxigênio, que foi o que ocorreu comigo. Precisei ficar internada por causa de uma saturação baixa e melhorei com exercícios respiratórios e hidratação. Os exercícios respiratórios são fundamentais para melhorar a oxigenação do sangue, independentemente se existe uma manifestação respiratória, porque os pulmões é que fazem a troca gasosa e distribuem oxigênio para todo o corpo.”

 

*Estagiária sob supervisão da subeditora Marta Vieira

 

 


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