Jornal Estado de Minas

'PRESERVEI MINHA VIDA'

Mulher se joga de carro em movimento e consegue evitar estupro

Agentes da 6ª Delegacia de Polícia (Paranoá), no Distrito Federal, prenderam, preventivamente, na tarde desta segunda-feira (18/5), um homem de 37 anos por tentativa de estupro. Os policiais buscavam pelo suspeito desde o domingo (17/5), quando uma vítima de 25 anos procurou a delegacia para registrar um boletim de ocorrência.



Segundo a jovem, ela aguardava por transporte, no domingo, por volta de 12h, em uma parada de ônibus, próximo ao posto de saúde, na quadra 21 do Paranoá, quando o homem passou em um carro e lhe ofereceu carona, supostamente como motorista de transporte irregular. A vítima aceitou com o objetivo de ir até a Rodoviária do Plano Piloto, mas estranhou o fato de o homem não parar em nenhuma outra parada para pegar passageiros.

De acordo com o depoimento da vítima, ao perceber que ela estranhava a situação, o motorista teria dito “tem carona que compensa”. Próximo ao balão de acesso à Barragem do Paranoá, o homem desviou o caminho e pegou uma estrada de terra marginal à pista. Ao entrar na estrada, o motorista teria dito ''fica quietinha''. Nesse momento, a vítima pulou do carro em movimento. O que a fez sofrer lesões nos dois joelhos, pé e braço. 

“Eu ia para o Núcleo Bandeirante e, quando estava na parada, ele passou gritando ‘Rodoviária’. Entrei e sentei no banco de trás. Passaram três paradas e eu vi que ele não tinha chamado mais ninguém, então comecei a achar estranho. Mandei mensagem para a minha mãe. Ele continuou o percurso e entrou em uma ladeira. Foi o momento em que ele falou ‘fica quietinha’. Nessa hora, eu me joguei. Eu nem olhei para trás. Ainda consegui pegar minha bolsa, subi a ladeira e corri para a pista”, contou a jovem.



O motorista, então, fugiu seguindo o caminho da Barragem do Paranoá. Um motociclista, que vinha logo atrás, percebeu a situação e anotou a placa do veículo. Uma mulher, que passava pelo local, também parou para ajudar e levou a vítima ao Hospital Regional do Paranoá (HRP). Na unidade de saúde, a jovem foi medicada e teve braço, joelhos e pé enfaixados. 

“Eu nem consigo andar direito. Mas o bom é que preservei minha vida. De todos os males, foi melhor eu ter feito isso. Eu imagino que ele fosse me matar. A sorte é que o rapaz da moto reparou na hora que ele entrou no mato e ficou atento. Foi um anjo mesmo. Se não fosse isso, acho que não estaria mais aqui”, disse a moradora do Paranoá.

Aos policiais, o motociclista afirmou que passava pela pista, quando percebeu que o veículo estava na contramão acessando a estrada de terra.  Ele, então, viu a mulher saltando do carro em movimento e percebeu que o motorista engatou a marcha ré, mas não conseguiu concluir a manobra. No entanto, em depoimento, o motociclista afirmou acreditar que intenção do motorista era atropelar a jovem.



Prisão

O carro utilizado pelo homem pertence a uma locadora de veículos, localizada no Riacho Fundo. Ele foi preso em flagrante, por volta das 18h desta segunda-feira (18/5), no momento em que devolvia o veículo alugado. O suspeito foi reconhecido pela vítima, na delegacia.

Em depoimento à polícia, ele afirmou ser morador de Ceilândia Norte e trabalhar como motorista de aplicativo. Segundo o suspeito, o celular dele descarregou e, por não conseguir utilizar o aparelho para realizar corridas, decidiu oferecer transporte nas paradas de ônibus do Paranoá, região por onde passava.

O homem confirmou que a jovem embarcou no carro e afirmou que, por cansaço, dormiu ao volante e perdeu a direção do veículo próximo à barragem, o que o teria feito adentrar pela estrada de terra. De acordo com ele, quando percebeu, a mulher havia pulado do carro. Ele alegou que, em momento algum, pensou em violentar sexualmente a passageira



No entanto, segundo a delegada-chefe da 6ª Delegacia de Polícia (Paranoá), Jane Klébia do Nascimento, a versão do homem é contraditória. “As circunstâncias demonstram a intenção dele. Quando ele vai em direção à estrada de terra, ele não perde o controle do carro. Ele não fez a trajetória do veículo que indicasse que estava cochilando. Ele faz uma conversão”, pontuou a delegada.

Segundo a investigadora, os depoimentos apontam para a tentativa de crime sexual. “Ele argumentou que cochilou, mas a vítima afirma que ele a ameaçou dentro do carro. O que mostra que ele estava completamente lúcido. Nesses casos, o depoimento da vítima é muito forte para a gente. Ele conta que, depois de supostamente perder a direção, parou o veículo e tentou ir atrás dela para conversar. Mas uma testemunha diz que ele tentou engatar a ré e, em momento algum, saiu para conversar com a vítima. Todo o depoimento dele é contraditório. O que indica que o estupro não aconteceu por força alheia à vontade dele”, explicou Jane.

O homem vai responder por tentativa de estupro. Se condenado, pode pegar de seis a 10 anos de prisão.