Jornal Estado de Minas

Cresce o apoio ao isolamento e a rejeição ao lockdown, aponta pesquisa

O lockdown, medida de fechamento mais rigoroso das atividades com a colocação da população em quarentena rígida para reduzir a propagação da COVID-19, é cada vez mais rejeitado pela população, que ampliou o apoio aos isolamentos horizontal e vertical. É o que mostra a segunda etapa da pesquisa “Opiniões COVID-19”, das organizações Perception, Engaje! Comunicação e Brazil Panels, realizada entre 29 de abril e 1º deste mês, contando com 590 entrevistados em todo país.



A primeira fase da pesquisa abordou o tema de 1º a 3 de abril. Segundo os últimos resultados, o isolamento ganhou adesão de 81% dos entrevistados como forma de evitar a infecção pelo novo coronavírus (Sars-Cov-2). O índice do primeiro levantamento era de 70%. Já o apoio ao lockdown despencou de 28% para 15%. Ao todo, 70% das pessoas acreditam que as restrições sociais devem ultrapassar julho.

Medida adotada na maioria do Brasil, o isolamento horizontal, que é o afastamento de todas as pessoas apenas com o funcionamento de serviços essenciais, ainda ganha terreno. Da primeira fase para a segunda, a concordância com a quarentena avançou de 41% para 50%. O isolamento vertical também ganhou força, com o aumento das respostas afirmativas no sentido de que seria melhor deixar a economia funcionar normalmente e afastar apenas os grupos de risco. Essa percepção evoluiu de 29% para 31%.

A preocupação com a infecção cresceu de 60% para 72% dos entrevistados, sendo que a maioria (41%) se considera “ansioso e preocupado” e os demais “muito ansiosos e preocupados”. Entre as pessoas que demonstraram essa expectativa negativa, 36% a justificaram devido à falta de confiança na Saúde em geral, por temor de não ter acesso ao serviço caso fique doente. Em seguida, 19% culparam o desemprego e 14% a crise econômica.



A pobreza e a desigualdade foram citadas por 14% da amostra da pesquisa e as condições de amigos e família são preocupação para 9%, enquanto 3% temem que faltem alimentos e produtos de necessidade básica. A crise política é o problema para 2%; a corrupção, para 1%, nesse momento, e a educação, 1%.

“A pauta continua sendo a saúde, mas a crise econômica e seu potencial de gerar desemprego e desigualdade têm muita relevância. Na primeira etapa, a saúde respondia por 61% (25% a mais) e a economia e o desemprego tinham 29% (queda de 4%)”, avaliam os realizadores da pesquisa.

Confiança e hábitos 

As questões relacionadas à saúde se mostraram preocupações maiores entre os habitantes das regiões Centro-Oeste e Norte do Brasil; pessoas de curso superior completo e funcionários públicos. Já o temor quanto à economia se destaca mais no Sul, entre as classes A e B, entre mais jovens, os que só conseguiram concluir até o ensino médio e os trabalhadores autônomos. A pesquisa também avaliou quais as instituições que têm maior nível de confiança diante dos entrevistados e o destaque foram os médicos e profissionais de saúde, com 72% das menções. 


ENFRENTANDO A PANDEMIA 

O que a população pensa sobre as medidas para enfrentamento da doença respiratória

DISTANCIAMENTO

50% querem o isolamento horizontal (abertura apenas aos serviços essenciais)
31% preferem isolamento vertical (apenas para grupos de risco em casa e serviços em geral funcionando)
15% acreditam que o melhor é o lockdown (fechamento completo e quarentena restritiva)

TEMOR COM A COVID-19

36% pela falta de confiança na Saúde em geral
19% por causa do desemprego
14% têm medo da crise econômica
14% se preocupam com pobreza e desigualdade
9% estão aflitos com as condições de amigos e família
3% temem que haja falta de alimentos e produtos de necessidade básica

Fonte: Perception, Engaje! Comunicação e Brazil Panels