A tragédia provocada pelo novo coronavírus no Brasil se intensificou muito durante o mês de maio, o pior até agora desde o primeiro registro da doença no país, oficializado em 26 de fevereiro. A curva da doença segue em clara ascensão, conforme dados do Ministério da Saúde, que está sem ministro há 16 dias. Em 1° de maio, o Brasil tinha registrado 6.354 mortes por COVID-19. Neste sábado (30), eram 28.834 óbitos, o que representa crescimento de 353%.
Os casos registrados também dispararam durante o mesmo período, foram de 91.604 para 498.440, representando um salto de 444%. E os números assustadores não param por aí. Em 19 de maio, uma terça-feira, o Brasil registrou pela primeira vez mais de mil mortos em um intervalo de apenas 24 horas.
Desde então, o país rompeu essa dolorosa marca outras seis vezes. Somente na última semana do mês, de terça-feira (26) até sexta (29), o Ministério da Saúde divulgou 4.405 óbitos. Para traçar um triste paralelo, que demonstra a força da doença, a tragédia na barragem B1 da Mina Córrego do Feijão, em Brumadinho, na Grande BH, deixou 259 mortos e 11 ainda desaparecidos.
Somando as vítimas registradas de 1° de maio até este sábado (30), o Brasil perdeu 22.933 vidas para o novo coronavírus. Com os números em franco crescimento, no último dia 22, o diretor-executivo da Organização Mundial da Saúde (OMS), Michael Ryan, declarou que a América do Sul passou a ser considerada o novo epicentro da pandemia no mundo e que a situação brasileira era a mais preocupante.
Ranking de piores países
Colecionando marcas tristes, na sexta-feira (29), o país superou a Espanha e se tornou o quinto com mais mortes provocadas pela doença. Neste sábado (30), passou a França em óbitos e agora está em quarto. Em número de casos confirmados, o Brasil é o segundo, só perde para os Estados Unidos.“O aumento do número de casos e óbitos mostra a disseminação da doença. Como o país é muito grande, cada estado e, às vezes, regiões diferentes dentro do estado, estão numa fase diferente da epidemia. Alguns chegando próximo ao pico, outros na fase de ascensão ou de aceleração e outros bem no início.
O aumento dos números mostra que a doença está se disseminando, e eles devem continuar subindo por algum tempo, variando apenas a velocidade”, afirma Antonio Toledo Júnior, diretor da Sociedade Mineira de Infectologia.
O aumento dos números mostra que a doença está se disseminando, e eles devem continuar subindo por algum tempo, variando apenas a velocidade”, afirma Antonio Toledo Júnior, diretor da Sociedade Mineira de Infectologia.
Divergência política
Enquanto a COVID-19 avança, os brasileiros recebem mensagens divergentes do poder público. Prefeitos e governadores, de modo geral, defendem critérios científicos para tomar decisões e mantêm regras de isolamento social.
Em contrapartida, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) bate na tecla da economia e discursa contra protocolos sanitários, além de se apegar à ideia de promover o uso da hidroxicloroquina durante o tratamento inicial de pacientes diagnosticados com a doença.
O medicamento é rechaçado pela comunidade científica e pode provocar efeitos colaterais graves, como apontam estudos já publicados.
Um dos motivos que levaram à queda do então ministro da Saúde Nelson Teich, em 15 de maio, foi justamente a divergência com o presidente Bolsonaro sobre a cloroquina. Teich deixou o cargo menos de um mês depois de assumir a pasta, quando substituiu Luiz Henrique Mandetta, ministro da Saúde demitido em 16 de abril.
Em contrapartida, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) bate na tecla da economia e discursa contra protocolos sanitários, além de se apegar à ideia de promover o uso da hidroxicloroquina durante o tratamento inicial de pacientes diagnosticados com a doença.
O medicamento é rechaçado pela comunidade científica e pode provocar efeitos colaterais graves, como apontam estudos já publicados.
Um dos motivos que levaram à queda do então ministro da Saúde Nelson Teich, em 15 de maio, foi justamente a divergência com o presidente Bolsonaro sobre a cloroquina. Teich deixou o cargo menos de um mês depois de assumir a pasta, quando substituiu Luiz Henrique Mandetta, ministro da Saúde demitido em 16 de abril.
Envolto em turbulências políticas, como o inquérito aberto pelo Supremo Tribunal Federal (STF) que investiga a veiculação de notícias falsas contra integrantes da corte, e a suposta tentativa de interferência na Polícia Federal (PF), Bolsonaro não dá mostras de que vai escolher um titular para o Ministério da Saúde, hoje ocupado por militares da confiança do presidente.
Na última sexta-feira, o secretário substituto de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, Eduardo Macário, disse que não é possível afirmar que o Brasil já tenha registrado o pico do novo coronavírus. Além disso, o país sofre com o problema da subnotificação dos casos, que podem ser até sete vezes mais que o oficial, conforme pesquisa da Universidade Federal de Pelotas (Ufpel).
O que é o coronavírus?
Coronavírus são uma grande família de vírus que causam infecções respiratórias. O novo agente do coronavírus (COVID-19) foi descoberto em dezembro de 2019, na China. A doença pode causar infecções com sintomas inicialmente semelhantes aos resfriados ou gripes leves, mas com risco de se agravarem, podendo resultar em morte.
Como a COVID-19 é transmitida?
A transmissão dos coronavírus costuma ocorrer pelo ar ou por contato pessoal com secreções contaminadas, como gotículas de saliva, espirro, tosse, catarro, contato pessoal próximo, como toque ou aperto de mão, contato com objetos ou superfícies contaminadas, seguido de contato com a boca, nariz ou olhos.
Como se prevenir?
A recomendação é evitar aglomerações, ficar longe de quem apresenta sintomas de infecção respiratória, lavar as mãos com frequência, tossir com o antebraço em frente à boca e frequentemente fazer o uso de água e sabão para lavar as mãos ou álcool em gel após ter contato com superfícies e pessoas. Em casa, tome cuidados extras contra a COVID-19.
Quais os sintomas do coronavírus?
Confira os principais sintomas das pessoas infectadas pela COVID-19:
- Febre
- Tosse
- Falta de ar e dificuldade para respirar
- Problemas gástricos
- Diarreia
Em casos graves, as vítimas apresentam:
- Pneumonia
- Síndrome respiratória aguda severa
- Insuficiência renal
Os tipos de sintomas para COVID-19 aumentam a cada semana conforme os pesquisadores avançam na identificação do comportamento do vírus.
Mitos e verdades sobre o vírus
Nas redes sociais, a propagação da COVID-19 espalhou também boatos sobre como o vírus Sars-CoV-2 é transmitido. E outras dúvidas foram surgindo: O álcool em gel é capaz de matar o vírus? O coronavírus é letal em um nível preocupante? Uma pessoa infectada pode contaminar várias outras? A epidemia vai matar milhares de brasileiros, pois o SUS não teria condições de atender a todos? Fizemos uma reportagem com um médico especialista em infectologia e ele explica todos os mitos e verdades sobre o coronavírus.
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