O pico de propagação do coronavírus no Brasil será em 6 de julho, quando há possibilidade de haver pelo menos 1,7 milhão de infectados ativos. Por outro lado, o estado de Minas Gerais pode ter seu ponto máximo na curva mais adiante, em 16 de setembro, com perspectiva de mais de 90 mil casos. Os dados fazem parte de um estudo inédito feito por cientistas da Funcional Health Tech, uma plataforma que trabalha com dados do setor de saúde de todo o país. Apesar dos números de contaminados e mortos já assustadores em solo nacional, a expansão da doença vai atingir proporções mais preocupantes, com possibilidade de crescimento até 2021.
Em todos os estados, as estatísticas não consideram o número de pessoas recuperadas e mortes por COVID-19. Por isso, cada unidade federativa terá o período de pico e número de infectados em diferentes momentos. O estudo usou o modelo matemático de epidemiologia SEIR e informações do Ministério da Saúde, das secretarias de saúde de cada Estado e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE).
Segundo a Funcional Health Tech, a pesquisa está aberta e disponível de forma on-line para que os gestores públicos possam consultar e customizar as soluções e fazer novas análises a partir dos algoritmos já criados.
Minas Gerais
De acordo com os dados, o número de infectados em Minas seguirá subindo até o mês de setembro – o ponto mais alto da curva está previsto para o dia 16. A pesquisa aponta que o estado terá 90.757 casos, com índice de 0,43% de infectados com base na população divulgada pelo IBGE no censo do ano passado. Depois disso, os casos devem se estabilizar.
A diretora-executiva da Funcional Health Tech, Raquel Marimom vê de forma positiva a situação do estado: "É uma ótima notícia quando vemos os dados de Minas Gerais. Temos de ter em mante que somamos todos os números de municípios do estado e jogamos dentro de um 'calderão'. No Brasil, as diferenças de expansão do número de contaminados já são muito grandes de um estado para o outro. Em Minas, algumas cidades têm cenário positivo, enquanto outras apresentam dificuldade para manter o isolamento social. A pesquisa, nesse sentido, é fundamental para gerenciar o volume de contaminados em relação à quantidade de leitos hospitalares"
O estado de São Paulo será o que apresentará a maior quantidade de infectados, superando 600 mil casos e porcentagem de 1,31% em seu pico, previsto para 10 de julho. Já o Rio, que terá que o auge da doença em 8 de setembro, tem uma previsão de 8.524 infectados ativos. "Os números nos levam a entender que o Rio tem uma população muito grande e uma oferta menor de leitos", analisa Raquel Marimom. Mato Grosso do Sul terá o pico mais extenso, somente em 31 de março de 2021 – seriam 28,5 mil contaminados e índice de 1,03%.
A diretora-executiva entende que a pesquisa é importante para entender cada região com relação à expansão da doença: "Nosso objetivo com essa pesquisa é mostrar para os gestores de saúde de cada município que é possível fazer análises regionais com o suporte da ciência de dados para apoiá-los na definição de protocolos mais assertivos de acordo com o cenário local. Por isso, disponibilizamos no final de março uma plataforma gratuita, no modelo open source (código aberto), para que qualquer profissional no Brasil tenha acesso aos nossos algoritmos e possa gerar suas próprias análises. Foi a forma que encontramos para apoiar o país nesse momento tão crítico”.
Dados preocupantes no Norte
A plataforma aponta também que a região Norte, além do estrado de Sergipe, serão os que apresentarão os piores cenários, com alto percentual da população com vírus: "É importante ressaltar que esses estados são os que apresentam as menores séries históricas de contaminação do novo coronavírus. Assim possuem uma menor maturidade frente à pandemia. Nos próximos dias as alterações das taxas de contaminação e recuperação podem mudar e, por isso o estudo será atualizado regularmente", diz Raquel.
Amazonas, que já enfrenta problemas no sistema de saúde, terá seu pico em 3 de julho, com 127 mil infectados (3,08% dos habitantes). Pará, por sua vez, contará com 170 mil casos ativos (1,98%) em 27 de julho. No Nordeste, o Ceará terá mais de 112 mil casos em 27 de junho, enquanto Pernambuco contará com 122.254 infectados, com pico no dia 28.