Jornal Estado de Minas

SAIA JUSTA NA CNN

Jornalista critica presença de William Waack na cobertura de protestos contra o racismo

A presença de William Waack, da CNN Brasil, na cobertura dos protestos antirracistas nos Estados Unidos vem causando incômodo em vários membros da comunidade negra.



Nesta terça, essa insatisfação chegou às telas do próprio canal de notícias. Durante uma transmissão ao vivo nesta tarde, a jornalista e cineasta Alexandra Loras, ex-consulesa da França no Brasil, criticou a CNN por ter escalado Waack para a cobertura das manifestações.

“Não é só com gotinhas de cotas nas universidades que vamos resolver a questão racial no Brasil. Hoje, a CNN e toda a mídia brasileira têm o poder de convidar acadêmicos negros para conversar sobre essa temática. Quando vejo William Waack, que foi mandado embora por um episódio de racismo, e, hoje, debate tanto tempo sobre a questão, eu acho que deveríamos também convidar negros, no lugar de fala deles, para debater sobre essas questões”, declarou Alexandra.

Pelas redes sociais, várias pessoas exaltaram a postura da jornalista, se declarando representados por ela em seu desabafo.

Eu vi isso e aplaudi de pé”, disse uma usuária do Twitter. “Ela deu uma aula ao vivo”, afirmou outro.



Os protestos nos Estados Unidos ganharam corpo em 25 de maio, quando o policial branco Derek Chauvin asfixiou George Floyd, um homem negro nas ruas de Minneapolis, no estado americano de Minnesota. Chauvin ignorou os pedidos de clemência e os avisos de Floyd de que não conseguia respirar e seguiu com o joelho sobre seu pescoço, o que o levou à morte. 

Declaração racista

William Waack, que atualmente ancora o Jornal da CNN nas noites da emissora, foi demitido da Rede Globo em 2017, após a divulgação de um vídeo em que ele xinga e faz ofensas racistas a uma pessoa. A gravação foi feita durante a cobertura das eleições americanas de 2016, em Washington, capital dos Estados Unidos.

Ao ouvir a buzina de um carro do lado de fora do estúdio, Waack, com um sorriso sarcástico, expeliu as seguintes palavras:

Tá buzinando por quê, seu merda do cacete? Não vou nem falar, porque eu sei quem é... é preto. É coisa de preto”.

Em janeiro de 2018, em um artigo publicado no jornal Folha de S.Paulo, Waack disse não ser racista e se justificou alegando que “constitui um erro grave tomar um gracejo circunstanciado, ainda que infeliz, como expressão de um pensamento”.

Em junho de 2019, foi anunciado como contratado da CNN Brasil.